Formação Bíblia
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30/09/2019 Wilson e Mariano Edição 3916 Viver no amor de Cristo
"Estar com Jesus é estar do lado do amor."

Mês da Bíblia 2019 (3/3)

Wilson Cabral e Denilson Mariano

 

A contraposição entre o amor e a luz, o ódio e as trevas é uma constante na 1ª Carta de João. Em 1João 3,11-24,  João apresenta o ódio a partir da figura de Caim (Gn 4,1-16). Ele é a figura daquele que odeia o irmão. O motivo do ódio de Caim por Abel é interpretado no texto pelo motivo das ações dos dois: Caim agia mal e Abel bem. O mundo está para nós como Caim para Abel: não gosta de nós, odeia-nos. Para o mundo o amor pregado por Jesus é sem sentido. A chave da passagem da morte para a vida é o amor fraterno. O ódio ao irmão tem consequências terríveis. Por isso João chama quem odeia o irmão de homicida.

 Estar com Jesus é estar do lado do amor.

O exemplo do amor fraterno é Jesus. Sabemos o que é o amor a partir da contemplação do amor de Jesus. Por amor à humanidade, Ele se entrega à morte de Cruz para desmascarar o império do mal. Jesus passou sua vida fazendo somente o bem. Como entender que aquele que só fez o bem é condenado à pior pena de morte da época. É preciso lembrar que quando Jesus morre, o véu do santuário se rasga de algo a baixo. A morte de Jesus desmascara a injustiça do poder religioso e do poder do império que, para manter seus privilégios exploravam o povo e matavam os inocentes. Jesus é o inocente que morre na cruz. Ele foi assassinado por defender o projeto de Deus que é vida para todos.

Esse gesto de Jesus é fonte de inspiração para o agir cristão. Ainda hoje, muitos poderosos, cegos pela ganância, condenam os inocentes à morte prematura. São condenados pelo desemprego, pela falta de assistência à saúde, pela ameaça ao justo direito de aposentar, pela força da violência policial e pela facilitação do uso de armas. Jesus nos aponta um outro caminho. O caminho da vida que vence o mal, a violência e a morte. Jesus nos mostra um amor em ação. Um amor-atitude, diferente do amor-sentimento que fica apenas em palavras bonitas. Não há como ver o irmão em necessidade e lhe fechar as entranhas, endurecer o coração

O amor doação nos leva a ter as mãos abertas para recebermos algo de Deus e doarmos alguma coisa de nós aos outros. A indiferença nos deixa de mãos fechadas: nos fechamos a Deus e deixamos de ser solidários com os irmãos.

A fé e o amor são descritos no v. 23 como um mandamento duplo, como dois aspectos da mesma mensagem. Quem observa os preceitos de Cristo “permanece em Cristo e Cristo nele” (Jo 14,23; 15,7-10). Permanecer no amor é ser um cristão 24 horas. Ou seja, não basta fazer uma caridade aqui, uma boa ação ali... O importante é que nossa vida toda: em casa, na escola, na rua, no trabalho, no lazer, seja guiada pelo jeito de ser de Jesus. Isso é ser cristão, ser um outro Cristo. Recriar em nós as atitudes de Jesus é o caminho para permanecer no seu amor. Viver o amor de Cristo e testemunhar que também nós viemos ao mundo para que todos tenham vida e vida em abundância (cf. Jo 10,10).

 

Deus é amor

Na 1ª João 4,7-12, temos o início da terceira parte da carta. João reflete sobre as origens, as fontes do amor e da fé. Estes dois elementos estão intimamente ligados. Esta unidade se enraíza na atividade histórica de Jesus Cristo, guiada pela ação do Espírito Santo. É o testemunho eficaz do Espírito Santo que põe a Igreja em contato vital com a verdade: o ato de amor de Jesus na cruz, nos revela quem é o Pai.

João convida seus leitores a amarem-se uns aos outros, pois o amor vem de Deus. Quem não ama o seu irmão não conhece a Deus, pois Deus é amor. Nessas frases, conhecer significa “experimentar”, vivenciar com profundidade. Conhecer a Deus é experimentar o que Deus é, significa e deseja. Para melhor compreendermos a expressão de João “Deus é amor”, nós podemos traduzir por “Deus é amar”. Ou seja o que está de acordo com Deus é amar, no sentido do amor fraterno, de que fala a carta desde o início. Indo mais longe podemos dizer que a essência de Deus, tudo o que Ele faz, é amar. Foi por amor que Jesus se entregou e foi fiel ao Pai até a morte.

João nos mostra que o amor de Deus – o amar – manifestou-se de forma especial no fato de Ele nos ter enviado o que lhe era mais precioso: o seu Filho unigênito! Daí nós podemos afirmar o tamanho da graça de Deus. Antes de que nós pudéssemos amá-lo, Ele nos amou por primeiro. Ele enviou, Ele doou seu Filho ao mundo para nos ensinar a amar, para nos revelar o grande projeto do amor de Deus por seus filhos. E, por amor, destruiu o peso dos nosso pecados

A morte de Filho de Deus na cruz denuncia a recusa dos filhos de Deus ao projeto de amor do Pai. “Ele veio para sua casa, mas os seus não o receberam” (Jo 1,11). João costuma insistir que ninguém nunca viu a Deus (cf Jo1,18; 6,46). Na carta em um tom mais prático, esta mesma experiência de Deus é situada na amar com o amor que vem de deus e que Jesus nos manifestou. Então seu amor é, em nós, levado à plenitude. Somente com os olhos do amor do Filho é que poderemos ver e conhecer a Deus.

Esse jeito de amar de Deus e de Jesus, implica uma permanência. Permanecer é uma palavra muito rica no mundo bíblico. Significa durar, habitar, morar. Como a habitação de Deus na nuvem que descia sobre o Tabernáculo no deserto; na Arca da Aliança, no Templo. Depois com Ezequiel veio a revelação que Deus não ficava somente no Templo, mas acompanhava o seu povo no exílio na Babilônia (Ez 1,15-21). Para João, Deus armou sua tenda no meio de nós (Jo 1,14). E assim como o sonho de todo judeu era habitar no Santuário, na presença de Deus (Sl 15,1; 27,4; 84,11), somos chamados a permanecer na sua palavra, para sermos livres e morar para sempre como filhos na casa do pai (Jo 8,35). O permanecer em Deus e Deus em nós sugere que moramos em Deus e ele em nós, de modo permanente. Esta não é uma experiência mágica ou milagrosa, mas uma experiência que brota da fidelidade ao amor de Deus revelado em Jesus e em sua Palavra.

Este estar em Deus dá a garantia ao cristão de estar tranquilo no dia do Juízo Final. Como acontece com os cristãos de hoje, os cristãos do tempo da 1Jo tinham um certo temor de como seria esse juízo/julgamento. João busca tranquilizá-los afirmando que onde há o amor não deve haver o temor. Novamente o critério para o cristão saber se ele está no caminho certo é o amor aos irmãos.

Para aprofundamento: Nosso modo de cultivar a fé tem nos levado a agir com mais amor, compreensão e solidariedade no dia a dia? Em que podemos melhorar?

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