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20/06/2021 Luis Modino / CNBB Edição 3937 União nacional em defesa da vida e da democracia no Brasil Pacto pelo Brasil e pela Vida conclama “a união nacional em defesa da vida e da democracia no Brasil”
F/ CNBB
"Expressamos aqui a nossa solidariedade, com uma palavra de conforto. Se, por um lado, a morte de tantos requer o silêncio respeitoso e as preces dos que têm fé, de outro lado, conclamamos mais uma vez a união nacional em defesa da vida e da democracia no Brasil. Dias melhores virão. Seja esta a bandeira de um novo tempo. Vidas perdidas não serão esquecidas."

“Meio milhão de vidas perdidas”, são as palavras que abrem a carta das seis entidades signatárias do Pacto pela Vida e pelo Brasil, dentre elas a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Nela são denunciadas abertamente atitudes do Presidente da República e do governo que tem contribuído para chegar nesta situação.

As entidades vêm denunciando desde sete de abril de 2020, Dia Mundial da Saúde, os sinais que “indicavam se tratar de um vírus de alta transmissão, com impactos graves sobre o organismo humano”. Diante disso pediam “medidas firmes, guiadas pela ciência, para conter o seu alastramento”, uma atitude não seguida pelo governo brasileiro, empenhado em “manifestações contrárias às medidas recomendadas por organismos sanitários, no cuidado e na promoção da vida humana”, o que causa “estranheza, e também indignação”.

A carta denuncia abertamente o Presidente da República, e seu empenho na “promoção de aglomerações com objetivos ideológico-políticos, estimulando comportamentos sociais com risco epidemiológico”, definindo essas atitudes como “um atentado contra a vida e contra os valores democráticos”.

Junto com isso, também são denunciadas as “manifestações de autoridades promovendo o uso de medicação sem eficácia no combate ao vírus, o descrédito propagado em torno da ciência, a omissão em relação às vacinas, a multiplicação de fake news, a desorientação sanitária e a falta de coordenação nacional no enfrentamento da pandemia cooperaram para que o número de doentes e mortos alcançasse níveis exorbitantes”.

As entidades insistem na pertinência e indispensabilidade da CPI instalada no Senado Federal, que ajude a demostrar que “negacionismo mata”. Junto com isso, a carta quer desmascarar “a falsa oposição entre salvar vidas e salvar a economia, que ainda alimenta o discurso oficial”, mostrando o sofrimento da população com a falta de vacinas, a falta de trabalho e de perspectivas. Diante da cada vez maior concentração de renda, exigem o necessário auxílio emergencial, que ajude, pois, “a fome se instala em milhões de lares”.

O Brasil vê a falta de respeito às instituições da parte de “alguns setores da sociedade e parcela dos governantes”, denuncia a carta, assim como “o vazio de políticas públicas, ao lado das políticas da desconstrução, não só no âmbito da saúde, mas em educação, cultura, meio ambiente, moradia, emprego, geração de renda, apoio à ciência e inovação, revela a sociedade que se sente confusa, abandonada e adoecida”.

Por tudo isso, os signatários do Pacto pelo Brasil e pela Vida, expressam solidariedade e uma palavra de conforto, conclamando “a união nacional em defesa da vida e da democracia no Brasil”, elementos que cada vez tem mais inimigos no Brasil.

Leia a carta Meio milha?o de vidas perdidas na íntegra:

 

MEIO MILHÃO DE VIDAS PERDIDAS

Em sete de abril de 2020, Dia Mundial da Saúde, as seis entidades signatárias desta carta manifestaram-se diante da expansão da Covid-19, lançando o Pacto Pela Vida e Pelo Brasil, endossado por organizações e pessoas de todo o país. Sinais indicavam se tratar de um vírus de alta transmissão, com impactos graves sobre o organismo humano, pedindo medidas firmes, guiadas pela ciência, para conter o seu alastramento. Previa-se que a crise sanitária atingiria de forma desigual a população brasileira, afetando particularmente os mais vulneráveis.

O Brasil contava, então, com 688 óbitos pelo coronavírus. Hoje, passado pouco mais de um ano, são 500 mil óbitos, meio milhão de vidas perdidas. O equivalente a duas vezes e meia o número de mortos pelas bombas de Hiroshima e Nagasaki, em 1945.

Uma palavra de esperança sempre será necessária para confortar as milhares de famílias afetadas pela perda de entes queridos. A todas, nosso sentimento e nossa solidariedade. Contudo, continua causando estranheza, e também indignação, as manifestações contrárias às medidas recomendadas por organismos sanitários, no cuidado e na promoção da vida humana.

É incompreensível, especialmente por parte do Presidente da República, no exercício de suas atribuições constitucionais, a promoção de aglomerações com objetivos ideológico-políticos, estimulando comportamentos sociais com risco epidemiológico. Tais atitudes são um atentado contra a vida e contra os valores democráticos.

Manifestações de autoridades promovendo o uso de medicação sem eficácia no combate ao vírus, o descrédito propagado em torno da ciência, a omissão em relação às vacinas, a multiplicação de fake news, a desorientação sanitária e a falta de coordenação nacional no enfrentamento da pandemia cooperaram para que o número de doentes e mortos alcançasse níveis exorbitantes.

Pertinente e indispensável é a CPI instalada no Senado Federal, que se debruça sobre um mar de informações, convergindo para uma certeza: negacionismo mata. Desejamos que a CPI, ao concluir seus trabalhos, elucide a verdade dos fatos para os brasileiros, podendo abrir um novo capítulo em nossa história democrática.

Importante ressaltar que a falsa oposição entre salvar vidas e salvar a economia, que ainda alimenta o discurso oficial, revela a estratégia de quem não faz nem uma coisa nem outra. A população sofre com a falta de vacinas, cuja compra foi sistematicamente negligenciada por órgãos oficiais, assim como sofre pela falta de trabalho e de perspectivas. A concentração de renda, uma das maiores do mundo, segue seu curso, enquanto a fome se instala em milhões de lares. E o necessário auxílio emergencial, que deveria continuar a ser de R$ 600, serve como paliativo, jamais como solução.

O Estado democrático de direito, com amplo respeito às instituições, promove o convívio social pacífico, estimulando o entendimento e a disposição para a construção de uma nação mais justa e fraterna. Porém, não é nessa direção que caminham alguns setores da sociedade e parcela dos governantes. O vazio de políticas públicas, ao lado das políticas da desconstrução, não só no âmbito da saúde, mas em educação, cultura, meio ambiente, moradia, emprego, geração de renda, apoio à ciência e inovação, revela a sociedade que se sente confusa, abandonada e adoecida.

Expressamos aqui a nossa solidariedade, com uma palavra de conforto. Se, por um lado, a morte de tantos requer o silêncio respeitoso e as preces dos que têm fé, de outro lado, conclamamos mais uma vez a união nacional em defesa da vida e da democracia no Brasil. Dias melhores virão. Seja esta a bandeira de um novo tempo. Vidas perdidas não serão esquecidas.

Dom Walmor Oliveira de Azevedo, presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB

Felipe Santa Cruz, presidente da Ordem dos Advogados do Brasil – OAB

José Carlos Dias, presidente da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos Dom Paulo Evaristo Arns – Comissão Arns

Luiz Davidovich, presidente da Academia Brasileira de Ciências – ABC

Paulo Jeronimo de Sousa, presidente da Associação Brasileira de Imprensa – ABI

Ildeu de Castro Moreira, presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência – SBPC

 

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