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14/02/2023 Luis Miguel Modino Edição 3956 Sinodalidade, o ponto onde a Trindade converge misteriosamente, mas realmente, na história Dom Miguel Cabrejos, presidente do Conselho Episcopal para a América Latina
F/ By L M Modino
"Desafia-nos a continuar a ser uma Igreja samaritana, encarnada na preferência por aqueles que Jesus mais ama, uma Igreja que mostra firmeza nos passos de Cristo para a humanidade e que alimenta a nossa esperança..."

O processo sinodal que a Igreja está a atravessar e que avança agora na sua fase continental, está a orientar a procura de como caminhar juntos para anunciar o Evangelho de acordo com a missão que lhe foi confiada e que passos devem ser dados, animados pelo Espírito, a fim de crescer como Igreja sinodal. Na América Latina, os representantes do México e da América Central, reunidos de 13 a 17 de fevereiro em San Salvador, celebraram a Eucaristia, movidos por um espírito de comunhão e de escuta, num lugar santo, sob a orientação de um homem de Deus, São Romero, que aprendeu a sentir com a Igreja.

Envolver, sinodalmente, toda a América Latina

Foi um momento eclesial, como Dom Miguel Cabrejos deixou claro no início da celebração, que no túmulo de São Oscar Romero convidou a pedir-lhe a força da oração para que ela possa chegar a toda a América Latina e à Igreja universal, e juntamente com isso pedir-lhe "a graça dessa capacidade de diálogo, de manter os fios que hoje são tão necessários na nossa sociedade".

O presidente do Conselho Episcopal da América Latina e Caribes (Celam) referiu-se à situação política, social e econômica do continente, que não é fácil, e insistiu que é o Evangelho que nos ilumina. Citou textos do Magistério da Igreja e da Palavra de Deus para iluminar a realidade do continente, procurando que o Deus que está no nosso meio esteja presente no meio da América Latina e do mundo, "para que a paz possa reinar, para que o ódio, a morte, a vingança e a inimizade possam cair".

Na sua homilia, o Arcebispo peruano começou por perguntar sobre os dois desafios para a região da América Central e do México. "Os desafios à luz de Aparecida, da Assembleia Eclesial, do Magistério do Papa Francisco e dos sinais dos tempos que nos chamam, nos desafiam, nos invocam, nos pedem", insistiu Dom Cabrejos. A partir daí, chamou a se perguntar "como podemos renovar uma vez mais o nosso compromisso para que os nossos povos tenham vida plena em Jesus Cristo, caminhando eclesialmente e sinodicamente".

Salientou também que a dura realidade, especialmente em alguns países, "desafia-nos a continuar a ser uma Igreja samaritana, encarnada na preferência por aqueles que Jesus mais ama, uma Igreja que mostra firmeza nos passos de Cristo para a humanidade e que alimenta a nossa esperança", salientou o presidente do episcopado peruano. Juntamente com isto, "uma Igreja evangelizadora a caminho de ouvir o grito dos pobres, uma Igreja que concretiza a nossa opção de discipulado missionário no contexto histórico atual em que vivemos".

Dom Cabrejos salientou que "precisamos também de uma conversão para a experiência sinodal eclesial, porque somos parte do Povo de Deus". Isto exige a necessidade de "reforçar a cultura de diálogo tão necessária, social, política, eclesialmente", e juntamente com esta "escuta mútua, discernimento de consenso e comunhão", insistindo em não virarmos as costas ao povo, em ouvi-lo. A partir daí, salientou que "a conversão sinodal implica a compreensão de que a sinodalidade se expressa na circularidade dinâmica do consenso dos fieis, da colegialidade episcopal e do Primado do Bispo de Roma, para o que a Igreja é chamada a ativar a escuta de todos os sujeitos eclesiais que, juntos, formam o Povo Santo de Deus".

Sonhar juntos

Em relação ao Celam, o seu presidente salientou que nos últimos 4 anos tem enfatizado o Magistério do Papa Francisco, especialmente nos 4 sonhos da Querida Amazónia, espalhados no processo de renovação e reestruturação do Celam. A partir daí chamou a aprofundar a Teologia do Povo de Deus, "aceitando a unção do Espírito Santo nos batizados que constitui o sentido de fé dos fiéis", salientando a importância do sensusfidei que ajuda os fiéis a "discernir o que realmente vem de Deus".

"Na sinodalidade podemos localizar o ponto onde a Trindade converge misteriosamente, mas realmente, na história", salientou D. Cabrejos, que salientou que "a sinodalidade não define um método mais ou menos democrático e muito menos populista de ser Igreja. A sinodalidade é a dimensão dinâmica, a dimensão histórica da comunhão eclesial, fundada pela comunhão trinitária que tem o sensusfidei do Povo de Deus, a colegialidade apostólica e a unidade com o sucessor de Pedro".

Finalmente, o presidente do Celam apontou o desafio permanente de ser uma Igreja encarnada e ao serviço, insistindo que "tudo o que é humano deve ter ressonância no coração dos discípulos de Cristo", chamando, seguindo o exemplo do Mestre Divino, a "estar ao serviço da vida", o que implica "denunciar a presença do mal e anunciar a boa nova da libertação integral". A partir daí, salientou que "o caminho da Igreja é o ser humano", algo retomado em Aparecida, onde aparece que "a opção pelos pobres é Cristo cêntrica".

Por esta razão, a necessidade de "viver a existência cristã de uma forma mais humana, como Deus a quer". Como recordou o presidente do episcopado peruano, "Cristo é o caminho de Deus para o homem e o caminho do homem para Deus", algo que se concretiza no momento histórico em que vivemos.

 

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