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07/01/2019 Revista O Lutador Edição 3908 Seminários: quantidade ou qualidade? Um professor de seminário reflete sobre a situação dos futuros padres.
Revista O Lutador
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"Os Bispos precisam exigir que os formadores se submetam a uma formação profissional contínua para melhor servirem os seminaristas."

No clima dos recentes relatórios sobre assédio e abusos em seminários, o jornal “Catholic Herald” reproduziu as sugestões de um sacerdote que trabalha na formação de seminaristas, anteriormente publicadas no “Washington Post” [18/10/2018].

Fr. Thomas Berg, professor de teologia moral e diretor de admissões no seminário de São José, em Nova Iorque, sugeriu alterações no processo de formação dos seminaristas para garantir que eles sejam corretamente formados no plano espiritual e emocional.

Maior confiança e transparência

Berg critica no atual sistema dos seminários uma "ênfase exagerada nos estudos acadêmicos", que deixa em segundo plano a formação emocional e pessoal. Esta deficiência não forma padres que estejam prontos para servir eficazmente em suas paróquias, podendo resultar em desvios de comportamento.

"Onde há falta de foco na integração psicológica pessoal, abre-se espaço exatamente para a vida desordenada do tipo que gerou as manchetes nos últimos meses," disse ele. De fato, em várias cidades dos E.U.A., neste verão, seminários anunciaram investigações sobre má conduta.

Frei Berg afirma que é preciso haver maior confiança e transparência entre os seminaristas e as equipes de formação. Os seminaristas devem ser capazes de expressar livre e sinceramente, com confiança na equipe de formação, as suas preocupações sobre a Comunidade do seminário, suas opiniões sobre o processo de formação e qualquer outra apreensão ou contribuição que desejem fazer em espírito de diálogo honesto.

Diminuir a pressa para ordenar

Frei Berg chama a atenção para a idade mínima na entrada para o seminário, dizendo que “os bispos precisam diminuir a pressa em ordenar os candidatos”, e sugere que os estudos do seminário sejam iniciados por volta dos 22 anos de idade, permitindo que o seminarista já tenha um diploma universitário antes de sua admissão.

Enquanto o atual processo de seminário leva cerca de sete anos, Berg sugere que o processo seja prorrogado por mais um ano. O ano inicial de formação consistiria na "desintoxicação da cultura e dos meios de comunicação sociais", e resultaria em "crescimento no autoconhecimento, na oração e na identidade masculina segura". O último ano antes da ordenação poderia consistir em um tempo de "trabalho de campo intensivo" no ministério pastoral.

Os bispos podem não apreciar esta ideia, diz ele, mas acredita que seja necessária, pois a Igreja não pode ser bem servida por sacerdotes que são ordenados antes que eles estejam realmente prontos para a função. Esta imaturidade espiritual pode resultar em crises de saúde mental ou outros problemas entre o clero. "Quando, anos mais tarde, alguns deles vierem a vacilar, com vícios ou outras lutas pessoais, todos nós pagamos um preço alto."

Melhor qualificação dos formadores

Frei Thomas Berg também expressou sua preocupação com a indicação de diretores e formadores inaptos a se tornarem mentores, modelos e guias de moral. "Um doutorado em teologia não torna um padre automaticamente apropriado para tal ministério. Os Bispos precisam exigir que os formadores se submetam a uma formação profissional contínua para melhor servirem os seminaristas.”

Finalmente, Berg questionou o número e a qualidade dos seminários nos Estados Unidos. Ele disse que devem ser tomadas medidas para identificar quais seminários são bem sucedidos na formação dos sacerdotes e aqueles que estão falhando nessa tarefa. E sugeriu que os Bispos deveriam formar uma comissão de "experientes formadores de seminário", que visitaria cada seminário para rever seus processos. Seminários que estão falhando em sua missão devem ser reformados ou fechados.

Para Frei Berg, o número atual de seminários nos E.U.A. – 70 – é demasiado elevado. Um terço desses seminários, de acordo com um relatório recente, tem menos de 50 seminaristas, e apenas 11 deles possuem mais de 100 candidatos em formação. Em vez deste excesso de seminários, que claramente não são necessários, ele sugeriu criar seminários regionais, 15 ou 20, orientados pelos melhores formadores de seminários em todo o país, e que iriam trabalhar em equipe. Os tempos atuais exigem que os seminários sejam repensados pelos bispos de modo radical, disse ele.

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