Santa Clara de Assis foi uma mulher à frente do seu tempo, com um testemunho de vida simples e livre, continua inspirando outras mulheres a trilhar um caminho ousado e profético, que fomenta a paz e a unidade, sem deixar de transformar as realidades opressoras e desiguais!
“Não perca de vista, seu ponto de partida!”(Santa Clara) É uma das frases mais provocadoras que nos deixou; quantas de nós perdemos o entusiasmo e as utopias na caminhada? Não por fraqueza, mas por cansar de lutar, de ser julgada ou desvalorizada... sonhamos em construir pontes, de igualdade, sororidade e amorosidade, mas nos deparamos com os muros dos preconceitos, do clericalismo e do machismo.
Clara protagonizou uma revolução da ternura, abandonou as riquezas, seguiu o seu coração e trilhou o caminho que a Divina Ruah lhe inspirou, não quis propriedades ou posses, e experienciou de forma plena sua fé e amor a Deus e aos irmãos e irmãs necessitadas com verdadeira caridade e gratuidade.
Foi pioneira na vivência do discipulado de iguais com Francisco, seu companheiro de jornada e estilo de vida. Por meio de uma mística encarnada na realidade, soube ler os sinais dos tempos e responder com sensibilidade e singularidade a cada apelo que surgiu em sua vida e missão.
Construiu muitas pontes mesmo estando na clausura, sua liberdade interior e fortaleza inspiraram muitas decisões de Francisco, das companheiras e da própria família que acolheu o seu projeto de amor e doação aos pequenos, depois de muita luta, resistência e opção fundamentada no Evangelho.
Para além da imagem “angelical”, doce e frágil, temos que ver a mulher forte, decidida, com posicionamento, que defendeu seus princípios, seu espaço e suas Irmãs. Que viveu a pobreza com alegria e que fez de sua vida uma entrega total a Deus e a sua vontade. Conduziu a ordem das Clarissas com sabedoria e competência, inclusive na elaboração da Regra que orientou e continua orientando a vida das Monjas!
Mulher do silêncio e da oração fecunda, não se escondeu do mundo, mas deixou que a luz de Cristo resplandecesse dentro de si, e se irradiasse para o mundo. Através de sua entrega e coerência de vida, muitas mulheres e homens trilharam caminhos na igreja e sociedade inspirados na sua espiritualidade e princípios de vida.
Clara de Assis é um farol que segue iluminado o século XXI, é a companheira de Francisco que fundamenta o projeto de uma nova economia, no Brasil construímos a Articulação Brasileira da Economia de Francisco e Clara, com o propósito de unir feminino e masculino, de trazer o rosto feminino para uma economia humanizada, circular e igualitária, isso é revolucionário para o nosso tempo. Diante de uma realidade desigual e injusta, novamente Clara surge como uma inspiração do novo que provoca, que questiona e transforma as estruturas opressoras!
A grande pergunta que nos inquieta hoje: Que pontes precisamos construir inspiradas em Santa Clara? Sabemos a resposta: do amor, da empatia, da consciência crítica, da igualdade, do respeito, da paz, etc... são muitas! Mas nos falta a coragem de ousar, de nos entregar, do despojamento às seguranças que nos aprisionam em muitas situações e realidades, de enfrentar os poderosos que acabam com a vida do povo.
Clara está em mim, e em cada mulher que ousa pensar fora dos esquemas pré-estabelecidos, seguir o senso comum é mais fácil, enfrentar as consequências das opções proféticas e inovadoras exigem audácia e criatividade. A novidade incomoda, assusta, mas é justamente disto que precisamos na igreja e na sociedade, uma revolução da amorosidade, da entreajuda, da sororidade. Clara não esperou o seu destino, fez sua própria história, inspirada num amor livre e radical.
Mulheres precisamos acordar, olhar para o testemunho de Clara e começar a construir as “nossas pontes”, somos fortes e podemos ousar mais, queremos conquistar a igualdade, o respeito e a justiça, vamos nos unir e trabalhar para alcançarmos os espaços que nos são legítimos, voltemos ao nosso ponto de partida, nossos sonhos e lutas de construir um mundo melhor, esse movimento só pode partir de nós mesmas, sejamos “Claras” em nossas comunidades, nas lutas e na concretização do que sonhamos coletivamente como Mulheres de fé e profecia!
“Devo florir onde o Senhor me plantar!” (Santa Clara)
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