Formação Juventude
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31/08/2020 Frt. Dione Afonso, SDN Edição 3927 O menino que descobriu o vento
F/ Reprodução - Netflix
"Jovens, não renunciem ao melhor da vossa juventude, não sejam observadores da vida da sacada da janela. Não confundam a felicidade com um sofá nem passem toda a vossa vida olhando do retrovisor. "

Frt. Dione Afonso, SDN - dafonsohp@outlook.com

Dirigido por Chiwetel Ejiofor, O Menino que Descobriu o Vento é uma produção da Netflix lançada em março de 2019. No filme, o jovem Malawi, cansado de presenciar as dificuldades desumanas de seus amigos e de sua família, decide apostar em sua sede por conhecimento. Sua família enfrenta uma fase muito difícil de pobreza e fome na África. O filme ainda demonstra a realidade educacional em que um certo elitismo e poder econômico reinam no sistema de ensino. Malawi, então, apresenta uma ideia inovadora para o vilarejo em que mora.

Um jovem de sonhos

A interpretação do jovem Malawi (Maxwell Simba) é bastante realista. Ele é um jovem de 13 anos que alimenta sonhos grandiosos de superação e também aqueles de conquista e de realização. Um garoto que sustenta amizades saudáveis, têm as suas peripécias e aprontam altas aventuras ao redor do povoado. Mas Malawi quer mais, ele sonha com mais. O jovem nunca se conformou com a realidade sofrida e pobre de sua casa. Dói no coração dele ver o pai e a mãe se sacrificando para que o lar tenha sempre do bom e do melhor. Quantas vezes Malawi viu sua mãe chorando ao tentar racionar o alimento da despensa para que não faltasse no dia seguinte.

Mas, quando o pai de Malawi não conseguiu pagar a mensalidade de sua escola, para Malawi esse foi o grito que eclodiu em seu corpo. Inconformado, o jovem começou a ir em busca de seu conhecimento e a lutar pelo seu sonho: salvar sua família. Malawi buscou forças de dentro de si para que seu sonho tornasse realidade para seu povo. Na Exortação Sinodal Cristo Vive, o papa nos afirma que é Jesus que alimenta nossos sonhos, “junto d’Ele, podemos beber da verdadeira fonte que mantém vivos os nossos sonhos, projetos e grandes ideais, lançando-nos no anúncio da vida que vale a pena viver” [ChV, 32].

As coisas não são tão simples assim. Para realizar seus sonhos e salvar seu povo, Malawi terá que enfrentar a família que não aposta em seu plano. Seu pai o depõe rigorosamente dizendo que ele deve parar de agir como um jovem que não enxerga a realidade e passar a arregaçar as mangas para algo mais sério. Depois, ele tem de enfrentar seus amigos que não acreditam que é possível mudar de vida, sair da miséria que enfrentam apostando num “sonho adolescente”. E enfrentar um sistema social que não facilita para que jovens como ele possam sonhar e nem muito menos desenvolver grandes projetos.

Os adultos precisam de mais histórias

O roteiro de Brian Mealer e de William Kamkwamba baseia num fato real do norte da África. Sua história comoveu o mundo e seu invento não só salvou sua família como tornou-se projeto reconhecido pelas autoridades locais e tornou-se empreendimento para outros vilarejos. Quando celebramos nesse mês de agosto a Semana Vocacional Sacramentina, ouvimos de um jovem o seguinte: “os adultos precisam de ouvir mais histórias. Essas histórias pequenas, simples, fábulas, contos de criança. Quem sabe ouvindo mais histórias eles possam olhar com mais amor e esperança para seus filhos, para os jovens e para o mundo”.

Portanto, O Menino que Descobriu o Vento não é só mais uma história. É exemplo de vida e de garra para a nossa juventude. Quantos jovens hoje em dia são sufocados e veem seus sonhos sendo pisoteados e enterrados porque, aos olhos dos adultos não passam de simples distrações e devaneios juvenis? Os adultos perderam a capacidade de dar ouvidos às histórias.

“Jovens, não renunciem ao melhor da vossa juventude, não sejam observadores da vida da sacada da janela. Não confundam a felicidade com um sofá nem passem toda a vossa vida olhando do retrovisor. E tão pouco vos sejam reduzidos ao triste espetáculo dum veículo abandonado. Não sejam carros estacionados, mas deixai brotar os sonhos e tomai decisões. Ainda que vos enganeis, arrisquem-se! Não sejam jovens sobreviventes com a alma anestesiada, nem olhem o mundo como turistas. Lançai para fora os medos que vos paralisam, para não serem como jovens mumificados. Vivam! Entregai-vos ao melhor da vida! Abri as portas da gaiola e saiam a voar! Por favor, não vos aposenteis antes do tempo” [ChV, 143].

Jovem de descobertas

O que será que precisamos descobrir? Para Malawi, descobrir a força e a vitalidade do vento trouxe água para seu vilarejo, reacendeu a esperança para seu povo, deu a eles uma nova chance para reconstruir suas vidas. E nós, jovens? Qual será a nossa descoberta? O que precisamos descobrir, que sonho alimentamos e que precisa ser colocado em prática? Por quem sonhamos? Por que lançar nossos sonhos para a concretude da vida? Em outro trecho da carta do papa, ele, com voz forte afirma, “ai dos adultos se não fossem os sonhos dos jovens!”. São esses sonhos que mantem viva a esperança de um futuro melhor.

É preciso correr atrás de nossas descobertas. Descobrir o tesouro precioso que está guardado dentro de nós e revela-lo ao mundo. É preciso alimentar e construir, viver novas histórias, contar novas histórias para os adultos, nossos pais, avós, para o mundo. O mundo precisa de histórias novas. Novos sonhos.

Não nos resta dúvida de que todo ser humano tem o sonho de uma vida melhor, de uma sociedade mais humana e justa. Todo jovem já se embalou na famosa frase “quando eu crescer eu quero ser...” São sonhos... Que saibamos alimentar e enraizar os sonhos de nossa juventude. Faze-los na concretude da vida a nossa razão e felicidade de um futuro melhor.

Dica: Assistam ao filme O Menino que Descobriu o Vento e depois façam uma lista contendo três maiores e mais importantes sonhos que você deseja realizar. Nesse tempo de pandemia, esse pode ser um exercício bem interessante para se realizar em vídeochamada. Convide seu grupo de jovens, de crisma e partilhe com eles seus sonhos e vamos compartilhar as coisas mais belas de nossa juventude.

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