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24/10/2020 Pe. Edegard Silva Júnior Edição 3929 O DRAMA DOS DESLOCADOS PELA GUERRA, MOÇAMBIQUE
F/ By Consolata América
"Precisamos tornar esta guerra conhecida e organizar ações de solidariedade para salvar vidas. Devemos também, elevar a Deus nossa prece pelo fim da guerra e pela paz "

O azul do Oceano Índico que banha a Província de Cabo Delgado em Moçambique é um cenário lindo! Tem lugares que a água do mar forma um degrade em diversos tons que encantam nosso olhar. Mais belo ainda quando o azul do mar junta-se ao azul do céu… Mas toda essa beleza da natureza, presente de Deus, está sendo desrespeitada desde outubro de 2017.

Por Edegard Silva Júnior *

Conforme já noticiado, a Província de Cabo Delgado, há três anos enfrenta uma guerra com muitas consequências. Mais de 2.000 pessoas morreram e 300.000 foram deslocadas. Pemba, a capital da Província, é uma cidade portuária e desfruta o título da 3ª maior baía do mundo. Nesta baía, temos presenciado sobretudo estes dias, cenas que nos fazem cortar o coração. Em pequenas embarcações e sem nenhuma condição, milhares de pessoas chegam em barcos, fugindo da violência e ataques. São “amontoados” de pessoas, misturados com o pouco que podem carregar. O povo da região foge dos ataques e busca socorro e proteção para suas vidas.

Dia 21 de outubro, Dom Luiz Fernando Lisboa, bispo da Diocese de Pemba esteve nesta praia localizada no bairro de Paquitequete para acompanhar a chegada das embarcações. O bairro de Paquitequete é o principal local de desembarque dos deslocados internos que chegam das aldeias e comunidades, vítimas dos ataques terroristas. O quadro é dramático. “Somente hoje já é o oitavo barco que chega. A situação já era calamitosa e hoje não sei como classificá-la”, diz Dom Luiz Fernando.

Esta realidade mexe com todos nós. Fazemos aquilo que é possível. Neste momento é imprescindível a solidariedade para o apoio humanitário neste contexto da guerra. A Diocese de Pemba através da Caritas Diocesana, desenvolve ações emergenciais para amenizar um pouco esta dor. Na hora do desembarque as “cenas” são muitas e o nosso olhar não é capaz de registrar o clamor que vem de tantos lados. Impressiona o número de jovens entre os deslocados que vão procurando abrigo em casa de parentes ou conhecidos. Tem família que hospeda entre 20 a 30 pessoas nas minúsculas casas… O mesmo acontece em muitas outras cidades da região e sobretudo no Distrito de Metuge, local que reúne um dos maiores Acampamentos de deslocados da guerra.

Aos cristãos e pessoas de boa vontade cabe ser presença nestes locais. Pode ser que naquele momento não nos venha uma palavra. Quem sabe o verso da poesia expresse este momento: “como eu não sei rezar, só queria mostrar meu olhar, meu olhar, meu olhar”.

Precisamos tornar esta guerra conhecida em outras partes do mundo e organizar ações de solidariedade para salvar vidas. Devemos também, elevar a Deus nossa prece pelo fim da guerra e pela paz em Cabo Delgado. A Diocese de Pemba tem muitos amigos e amigas em muitas partes do mundo. Faça chegar aos seus contatos informações sobre esta triste realidade que estamos vivendo.

A situação nos acampamentos é muito triste e cruel. A realidade em que “vive” cada família é muito precária. Tem gente que está dormindo num espaço feito só com a rede mosquiteira. É bom lembrar que estamos na época em que o sol é muito forte. Quem puder fazer alguma doação, neste momento é de suma importância. A Diocese de Pemba dispõe de contas bancárias em euro, dólar e em real. Neste momento necessitamos desse gesto solidário. Cabo Delgado quer paz!

* Pe. Edegard Silva Júnior é Missionário Saletino brasileiro e trabalha na Missão de Muidumbe na Diocese de Pemba.

 Fonte: Consolata

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