Formação Juventude
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07/01/2019 Frt. Dione Afonso, SDN* Edição 3908 Novos caminhos para os Jovens Que sejamos capazes de ampliar horizontes, dilatar corações e transformar estruturas...
Frt. Dione Afonso, SDN*
Frt. Dione Afonso, SDN*
"Deixar-se “perturbar” pelos sonhos dos jovens e a caminhar com eles..."

“O Espírito Santo, que o Pai vai enviar em meu nome, ensinará a vocês todas as coisas e fará vocês lembrarem tudo o que eu lhes disse” [Jo 14, 26]. Com a celebração do Sínodo dos Bispos de 2018, nossos pastores juntamente com o Papa Francisco permitiram-se ser questionados pelos jovens de todo o mundo afim de procurar entender os seus anseios para melhor ouví-los e ajuda-los em sua jornada cotidiana.

O documento final, lido e relido e votado por todos em assembleia sinodal apresenta 167 parágrafos contendo a síntese de três semanas de reflexão e oração unida à igreja de todo o mundo. Dividido em três partes, o documento se inspira na caminhada dos discípulos de Emaús, pois é o próprio Jesus que se põe a caminhar com os jovens. É preciso “andar com eles” [Lc 24,15], 1ª parte – “abrir seus olhos” [Lc 24,31], 2ª parte – e, “partir sem demora” [Lc 24,33], 3ª parte.

“Jesus anda com os dois discípulos que não entenderam o significado de sua história e estão se afastando de Jerusalém e da comunidade. Para estar em sua companhia Ele põe-se a andar com eles”. No decorrer da leitura de todo o documento traçamos 15 pontos que podem indicar novos caminhos para os jovens a partir desse Sínodo. No caminho, “ao ouví-los, seu coração é aquecido e sua mente é iluminada; na fração do pão seus olhos se abrem. Eles mesmos escolhem retomar a jornada na direção oposta sem demora, para retomar à comunidade, compartilhando a experiência do encontro com o Ressuscitado” [nº. 04]. Vamos caminhar juntos?

 

1. Que sejamos capazes de sonhos e esperanças: “que o Espírito nos dê a graça de sermos memória atuante, viva e eficaz, que não se deixa esmagar pelos falsos profetas, mas que levem a inflamar o coração e discernir os caminhos do Espírito”;

2. Que sejamos capazes de ampliar horizontes, dilatar corações e transformar estruturas: “as estruturas de hoje nos paralisam, dividem e nos afastam dos jovens, deixando-os expostos às intempéries e órfãos de uma comunidade de fé que os apoie, de um horizonte de sentido e de vida. A esperança interpela-nos, destronca o conformismo e nos convida a trabalhar contra a precariedade, exclusão e violência, às quais está exposta a nossa juventude”;

3. Que tenhamos o dom da escuta sincera, livre de preconceitos: “Para entrarmos em comunhão com as diferentes situações do Povo de Deus, não podemos cair na tentação de certos moralismos, elitismos e de ideologias abstratas”;

4. Os jovens não são objetos, mas sujeitos do Anúncio do Evangelho: “A ideia é de um renovado protagonismo missionário na Igreja, em campo social e político, para que as Novas Gerações sejam fermento e luz do mundo, artífices da paz e da civilização do amor”;

5. A Igreja, casa e mãe dos jovens: “A Igreja é chamada a ser mãe e lar, empatia e escuta, voz dos que não tem voz, especialmente para os que se encontram em situações difíceis – jovens em famílias problemáticas ou afetadas por vícios, desemprego, corrupção, tráfico humano, imigrantes – pessoas que são pedras descartadas que, graças ao anúncio da Boa Nova, podem se tornar pedras angulares na construção de um mundo melhor. Deve ser repensada a paróquia como lugar de escuta, comunhão e missão: é preciso comunidades fraternas, alegres e contagiantes em que os jovens possam assumir suas responsabilidades;

6. Os jovens esperam da Igreja um sinal profético, de confiança e de comunhão: “Os jovens são o coração missionário da Igreja. O consumismo corre o risco de apagar o entusiasmo da juventude, que, muitas vezes, é desorientada, sem ideias e sem fé, também por causa de novas ideologias... É preciso falar com coragem, sobre a beleza da proposta cristã sobre a sexualidade, sem tabus: prestar atenção aos que, hoje, não conseguem viver a castidade durante o noivado. A maior parte das comunidades paroquiais não consegue perceber as expectativas dos jovens, que, muitas vezes, se afastam da Igreja após a Crisma. É urgente uma pastoral renovada, capaz de ouvir e transmitir o olhar amoroso de Jesus, como também de se expressar com uma linguagem jovem, além daquela digital”;

7. É preciso falar aos jovens sobre a importância da Oração: “É essencial que também a Igreja reze pelos jovens e pela sua vocação. Os jovens anseiam pela dimensão do silêncio e da contemplação, mas, quando não encontram na Igreja, procuram em outros lugares”;

8. Que não sejamos uma Igreja com “déficit de escuta”: “Muitas vezes os jovens se sentem não-compreendidos pela Igreja na sua originalidade e, por conseguinte, não acolhidos e aceitos pelo que são verdadeiramente e, às vezes, até rejeitados. Que sejamos uma Igreja que se coloca verdadeiramente à escuta, que se deixa interpelar pelas solicitações daqueles que encontra, que não tem uma resposta confeccionada, sempre pronta. Uma Igreja que não escuta mostra-se fechada à novidade, fechada às surpresas de Deus, e não poderá ser credível, especialmente para os jovens, os quais, em vez de se aproximar, afasta-os inevitavelmente”;

9. Os jovens são os sismógrafos da realidade, são Igreja: “Se a Igreja não abre espaço para a juventude, não será uma Igreja em saída. Os jovens devem ser valorizados. É preciso oferecer-lhes com alegria, as razões para viver e esperar, evitando moralismos e mostrando que a vida é a resposta da vocação que Deus dá a cada um de nós. No fundo, a vida é bonita porque tem sentido. Os jovens são capazes de tomar decisões, mas é preciso ajuda-los a tomar decisões a longo prazo”;

10. Que a Igreja seja uma “família de famílias”: “Hoje, a família está passando por uma fase de crise, devido à sua desestruturação e ao enfraquecimento da figura paterna. Os adultos, em geral, muitos jovens e individualistas, não ajudaram a percepção da Boa Nova entre os adolescentes. Em vez disso, é responsabilidade de todo fiel acompanhar os jovens ao encontro pessoal com Jesus, porque a juventude se constrói com base no que recebe na família. A Igreja deve oferecer aos jovens uma verdadeira experiência familiar, na qual se sintam acolhidos, amados, cuidados e acompanhados em seu crescimento, em seu desenvolvimento integral e na realização de seus sonhos e esperanças. Muitos jovens tem um sentido de orfandade muito forte, não sabem o que é uma família, por vários motivos”;

11. A Igreja precisa ocupar o mundo digital: “Uma presença cristã em Rede que se adote um estilo cristão com os valores da liberdade, prudência e responsabilidade – os três valores aos quais a Igreja deve educar os jovens numa presença cristã na Rede. É preciso colocar na Rede todas as experiências ativadas no mundo para alcançar os jovens no ambiente digital. A pastoral digital é uma nova ágora do Terceiro Milênio e precisa dar um reconhecimento oficial a esses sites que levam uma verdadeira posição da Igreja”;

12. Os jovens podem inculturar o Evangelho na web: “O ambiente digital é um campo imprescindível da evangelização e é necessário adotar um estilo cristão que não termina no inserir conteúdos declaradamente católicos na web. Os jovens devem ser os verdadeiros protagonistas e não somente destinatários do mundo digital, pois são os que conhecem melhor a linguagem e a gramática das redes e das mídias sociais, aqueles que podem inculturar o Evangelho utilizando esses meios”;

13. É preciso uma “cidadania digital” responsável: “Assim como tem seus aspectos positivos no campo da evangelização, há os aspectos negativos como a pornografia, e o cyberbullying. Num mundo onde o contingente digital é um terreno de missões, os jovens podem oferecer uma energia extraordinária para evangelizar outros jovens”;

14. Os jovens são a chave para a conversão pastoral e missionária da Igreja: “Eles não são meros “receptores”, objetos, mas são os protagonistas preferenciais e participantes ativos nos processos de tomadas de decisão. Eles têm algo precioso para oferecer, com o qual o Senhor pode operar milagres. É preciso uma conversão pastoral e missionária que não seja um mero exercício técnico, mas uma exigência do seguimento de Cristo. Uma conversão voltada à renovação da própria Igreja para aspirar a ser mais, a servir mais”;

15. Os jovens pedem de nós a coragem do testemunho: “Que sejamos exitosos também mediante os fatos e não somente com palavras. Num mundo fragmentado, somos chamados a ser instrumentos de comunhão”.

E, fica para nós a questão: Quanto a Igreja está disposta a deixar-se “perturbar” pelos sonhos dos jovens e a caminhar com eles para realiza-los?


* Religioso SDN, E-mail: dafonsohp@outlook.com

 

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