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17/10/2019 Dom Fernando Arêas Rifan Edição Não ao espírito sectário Por uma Igreja comunhão
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"A seita é imbuída de fanatismo: é cega, não consegue ver os próprios erros. "


Bispo da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney

 

Seita é uma palavra que vem do latim ‘secta”, do verbo secare, separar, significando partido, causa, fileiras. O termo “seita” é geralmente aplicado a grupos que professam doutrina ou ideologia divergentes da correspondente doutrina ou sistema oficial ou dominante, ou seja, professam doutrinas e práticas novas e não ortodoxas. O que caracteriza a seita, ou seja, o seu “espírito”, é a separação ou divergência do grupo que considera hostil ou descrente. A seita procura se fechar em um corpo de doutrinas e vê o grupo do qual se separou como mau e pecador, desviado, considerando-se como os autênticos defensores da verdadeira doutrina.

A seita tem doutrina própria. A seita se considera como meio de salvação e refúgio da ortodoxia. A seita considera quem a abandona como um traidor, apóstata e infiel. Por isso, é difícil sair de uma seita, acarretando grandes problemas psicológicos e morais. A seita exerce um controle sobre o indivíduo que a ela adere, regulando seus pensamentos e ações. A seita estabelece uma reinvindicação de possuir acesso exclusivo e privilegiado à verdade e à salvação. A seita geralmente tem um líder, ao qual os membros aderem incondicionalmente e seguem sem a menor contestação, que seria considerada um pecado e uma desobediência.

A seita é imbuída de fanatismo: é cega, não consegue ver os próprios erros. Ninguém os convence. Não aceita contestação nem crítica. Normalmente os adeptos de uma seita negam que esta seja um grupo sectário, pois creem que a sua visão de mundo é a verdade única.

Geralmente as seitas têm um espírito apocalíptico e escatológico: falam sempre em castigos e numa grande punição que Deus enviará ao mundo, especialmente para os outros, pois pensam que eles serão preservados. Os membros da seita se consideram superiores a todos os outros que a ela não pertencem. Eles são “os santos”, “os que compreenderam realmente a reta doutrina e posição”, pois têm um conhecimento privilegiado (gnose). São moralistas rígidos e casuístas, criando escrupulosos entre seus adeptos. As seitas são proselitistas, procurando atrair a todo custo os outros para o seu grupo, usando o argumento da exclusividade, da sua pureza de doutrina, dos castigos e dos defeitos dos outros. Os de espírito sectário são altamente críticos dos outros grupos, especialmente do grupo de onde saíram, com argumentos às vezes sedutores, baseando-os em defeitos reais. Além de alarmistas, são também pessimistas, com zelo amargo, sempre olhando o lado ruim das coisas. E, defendendo rigidamente a própria posição, são rígidos e duros para com a posição dos outros. Querem a “fé”, sem a caridade.

Sem atribuir a ninguém essa pecha de seita, examinemo-nos a nós mesmos e os nossos grupos, para ver se, mesmo não sendo seita, não adquirimos algum espírito sectário. Há muitos grupos que rejeitam a denominação de seitas, mas cultivam o seu mau espírito.

O verdadeiro católico não é sectário: não tem doutrina própria, pois se guia pelo Magistério da Igreja; como cristão é otimista, pois confia em Deus e na sua Igreja: “alegres pela esperança” (Rm 12,12); cultiva a caridade, esforça-se por ser humilde, sem se achar dono da ortodoxia e da virtude; não se julga melhor do que ninguém, procurando não criticar os outros e respeitando a consciência alheia, o que não significa concordar com os erros; olha mais para as suas falhas e defeitos, como o publicano do Evangelho, que foi justificado, e não se compara com os outros, como o fariseu, que foi reprovado por Deus.

 Fonte: CNBB

 
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