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24/05/2023 Ir. Dione Afonso, SDN Edição 3959 IA e ChatGPT: é esse o nosso futuro? Conacomp reúne líderes paroquias que pensam a Comunicação Social na evangelização
F/E-Commerce Mag
"Antes de dizer se é esse o nosso futuro ou não, é importante resgatar algumas reflexões que o Magistério da Igreja já levantou a este respeito e também as catequeses e mensagens do Papa Francisco que nos pede, insistentemente, para não desprezar os recursos tecnológicos ao mesmo tempo em que “não podemos cair na tentação de tecnologizar o humano, mas é preciso humanizar a tecnologia”, este é o ensinamento mais correto e cristão."

Recentemente um padre da Hungria gerou uma discussão entre fiéis que se estendeu nas Redes Sociais quando ele confessou que usou o ChatGPT para montar as homilias de suas celebrações. O uso da Inteligência Artificial ganhou aprovação de uns e desconforto de outros o que nos levou a trazer esta discussão. É este o nosso futuro? É este o futuro da Igreja? É assim que nossas comunidades poderão se beneficiar das tecnologias disponíveis entre nós? Muitas são as perguntas e as respostas para elas fica, cada vez mais, difíceis de se definir.

O ChatGPT é uma Inteligência Artificial especializada em diálogos, no qual o usuário cria a sua conta – assim como se cria uma conta em uma rede social – e ali ele entra numa tela em que poderá fazer qualquer tipo de pergunta e o “programa” lhe responderá da maneira mais coerente e convincente possível. Antes de dizer se é esse o nosso futuro ou não, é importante resgatar algumas reflexões que o Magistério da Igreja já levantou a este respeito e também as catequeses e mensagens do Papa Francisco que nos pede, insistentemente, para não desprezar os recursos tecnológicos ao mesmo tempo em que “não podemos cair na tentação de tecnologizar o humano, mas é preciso humanizar a tecnologia”, este é o ensinamento mais correto e cristão.

 

Muito poder nas mãos de poucos

A discussão da exclusão, segregação e abandono do vulnerável fica cada vez mais urgente quando percebemos que os avanços tecnológicos são controlados por uma parcela pequena da humanidade. Grandes empresas controlam e se enriquecem monopolizando os dados, as informações, e utilizando das mais altas tecnologias a serviço próprio, excluindo mais da metade da população. Uma realidade muito próxima de nós é a chegada da Internet 5G, por exemplo, disponíveis em todas as capitais do Brasil, mas, quem é mesmo que está, atualmente, servindo-se dessa tecnologia? Quantos de nós, em nossas comunidades estão tendo acesso integral a esta conexão?

É papel da Igreja não se tornar condizente com a segregação, denunciar estruturas e políticas exclusivistas que não acolhem o pequeno e não dão a eles os mesmos direitos de acesso, sobretudo no campo digital, às ferramentas que facilitam e melhoram o desempenho humano. O Papa Francisco alerta-nos para que o uso da “Inteligência Artificial” seja capaz de nos tornar sempre mais humanos, “a Inteligência Artificial está na raiz da mudança de época que estamos vivendo. A robótica pode tornar possível um mundo melhor se estiver unida ao Bem Comum. Porque se o progresso tecnológico aumenta as desigualdades, não é um progresso real. Os avanços futuros devem estar orientados para o respeito pela dignidade da pessoa e da Criação. Rezemos para que o progresso da robótica e da inteligência artificial esteja sempre a serviço do ser humano... podemos dizer, que ‘seja humano’.”, afirma o pontífice.

Atualmente, as empresas da sigla GAMAM (Google, Apple, Meta, Amazon, Microsoft) são as gigantes que detém o maior banco de dados e informações de todos nós. Elas controlam e trabalham para que estas informações gerem, de alguma forma, retorno às empresas. O ChatGPT atualmente recebe apoio e investimento de ninguém menos que Elon Musk (que comprou o Twitter por um preço bilionário) e Sam Altman, o primeiro responsável por ter criado o ChatGPT.

 

Que a evangelização esteja sempre em primeiro lugar

Não nos cabe aqui dizer qual vai ser o nosso futuro, é uma pergunta capciosa e que mais nos assusta do que nos ajuda. Mas podemos afirmar que o nosso presente é marcado e precisa ser pela evangelização, pelo respeito e amor à Criação e pelo cuidado e proximidade do fraco, do pequeno e do vulnerável. O avanço das tecnologias precisa estar em sintonia com o cuidado da natureza e o respeito ao meio ambiente. A cada dia, o lixo tecnológico constrói montanhas cinzas e mortas em nossas cidades. O Brasil é o quinto maior produtor de lixo eletrônico no ranking mundial.

Quanto ao padre que usou da Inteligência Artificial para construir suas homilias, cabe a reflexão: qualquer coisa que você perguntar ao ChatGPT ele irá te responder, de onde vêm essas informações? De que banco de dados foi gerado a resposta? O ChatGPT não é ileso de fake news, é seguro o que ele nos responde? A que empresa estamos beneficiando quando utilizamos essa ferramenta? Quais são as motivações para que usemos a inteligência para o nosso trabalho pastoral? É cristão? É seguro? Fere com os princípios éticos, morais e com os ensinamentos da Igreja? Tudo isso precisa ser levado em conta.

Primeiro, que as tecnologias estejam a serviço do Bem Comum: elas podem contribuir para um mundo melhor desde que não se tornem ferramentas de exclusão social e digital. Durante a pandemia, quantos alunos e escolas ficaram invisíveis porque não tiveram acesso a conexões digitais de qualidade e a ferramentas essenciais?

Segundo, que as tecnologias estejam a serviço do humano: “que o progresso seja sempre humano”, afirma o papa. Como seria bom se a medida que as tecnologias avançassem, crescesse também, entre nós uma equidade e uma inclusão social cada vez mais presentes entre nós, não é mesmo?

Por fim, é responsabilidade de cada um de nós, o uso “dessas maravilhas da Criação”, para o bem, para a justiça, o bem comum e a fraternidade entre nós.

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