Variedades Sinodalidade
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09/06/2022 Ir. Michele da Silva, ICM Edição 3948 Existe espaço para a ação da Divina Ruah em nosso tempo?
F/ Pixabay
"A sinodalidade está em alta, nos planejamentos, nas pautas e estudos, devemos isso ao nosso querido Papa Francisco, com seu olhar atento e sensível a realidade que clama por relações mais circulares e de igualdade, nos provoca a dar liberdade a ação da Divina Ruah. Porém, o cotidiano mostra que estamos longe deste novo tão sonhado especialmente pelas mulheres..."

A celebração de Pentecostes sempre nos recorda a importância da ação do Espírito Santo em nossas decisões, como força inspiradora e geradora de vida nova, mas quando olhamos para as nossas celebrações e práticas concretas, nos deparamos com o velho modo de ser e agir, a dinâmica das nossas comunidades ainda segue um modelo patriarcal e bastante clerical, onde a Divina Ruah (Espírito Santo) não tem espaço para uma ação transformadora!

A presença das mulheres é essencial na vida da Igreja

A sinodalidade está em alta, nos planejamentos, nas pautas e estudos, devemos isso ao nosso querido Papa Francisco, com seu olhar atento e sensível a realidade que clama por relações mais circulares e de igualdade, nos provoca a dar liberdade a ação da Divina Ruah. Porém, o cotidiano mostra que estamos longe deste novo tão sonhado especialmente pelas mulheres, que continuam organizando, ornamentando e dançando nas celebrações. Quando construiremos uma igreja circular, inclusiva e ministerial?

Somos as maiores interessadas em participar das escutas sinodais, ansiamos por mudanças, acreditamos na força criativa e ousada da Divina Ruah. Queremos dar passos conjuntos, construir processos de evangelização que resgatem o Jesus histórico, esse homem sensível aos apelos do seu tempo, que caminhava com o seu povo, incluía as mulheres nos espaços de decisão e fomentava o Reino da justiça e da igualdade.

Temos consciência do nosso potencial feminino, e do quanto a presença das mulheres é essencial na vida das comunidades, se olharmos para a atuação das mulheres bíblicas, podemos resgatar um fio condutor da história da salvação, no empoderamento, na astúcia, no cuidado com a vida, na sororidade e na organização de estratégias de resistência. A Divina Ruah inspirou e continua inspirando muitas mulheres a fazer um caminho diferente, a questionar as estruturas patriarcais e a propor uma construção verdadeiramente sinodal e ministerial!

Um caminho de igualdade e circularidade de poder

Não é um “modismo ou mimimi”, sentimo-nos inspiradas a lutar pelos nossos direitos e confiamos na presença da força criativa, que nos faz ousar e esperançar, nos alegramos pelas possibilidades que surgem como pequenos sinais desta novidade: mulheres ocupando lugares estratégicos e decisórios no pontificado do Papa Francisco, a participação das mulheres no Sínodo para a Amazônia, o grupo de estudo para o Diaconato Feminino e os Ministérios instituídos de Acolitado e Leitorado Feminino.

É tempo da ação da Divina Ruah e queremos nos libertar do patriarcado, construindo um caminho de igualdade e circularidade de poder, não excluindo os homens, mas criar novas possibilidades coletivas, participativas, inovadoras e transformadoras da realidade. Estamos cansadas de aproveitar as brechas, queremos atuar na oficialidade, na ciranda das diversidades, nos debates, planejamentos e decisões.

A reflexão se faz necessária para nos empoderarmos como mulheres protagonistas da mudança, que propõem um novo audacioso, a novidade precisa partir da base, dos nossos anseios, das nossas lutas e de nosso estudo coletivo. A Divina Ruah nos inspira a criar oportunidades revolucionárias, que iniciam a partir de uma provocação, inquietação ou indignação, cabe a cada uma de nós transformá-las em ações concretas, num projeto novo de igreja e sociedade.

Experienciar uma sinodalidade efetiva

Para além do reivindicar, queremos dialogar, construir processos conjuntos e fortalecer a ministerialidade nas comunidades, somos testemunhas e praticantes da gratuidade e amorosidade nos espaços eclesiais, tecemos relações de cuidado, de familiaridade e entreajuda, queremos experienciar uma sinodalidade efetiva, que se traduza na valorização dos diferentes saberes, idades e gêneros.

Caminhar na sinodalidade é exigente, dói abrir mão dos privilégios, mas precisamos do nosso lugar de fala, e ocupar os espaços de direito, não podemos continuar reafirmando discursos ultrapassados, ou tradições com “t” minúsculo, nossa hora chegou, a Divina Ruah nos inspirou e vamos agir, nas pequenas iniciativas, nas escutas sinodais e em todos os campos onde atuamos!

Despertem Mulheres, vamos nos dar as mãos e construir o mundo que acreditamos ser possível, essa luta não é minha, é nossa, nos espaços decisórios ocupados por mulheres, cada uma de nós está presente, tem voz e se torna sujeita da mudança! 

“Minha ciranda não é minha só, ela é de tod@s nós
A melodia principal quem guia é a primeira voz
Pra se dançar ciranda, juntamos mão com mão
Formando uma roda cantando uma canção”
(Lia de Itamaracá)

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