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13/06/2020 VATICAN NEWS Edição 3925 Epidemias, quarentenas, igrejas vazias: precedentes na história
F/ CNBB Norte II
"Não é a primeira vez que a comunidade cristã se encontra nesta situação..."

 

 Por causa do isolamento para evitar o Covid-19, em vários países não foi possível aos fiéis participar das grandes liturgias do Tríduo Pascal que recorda e atualiza a instituição da Eucaristia, a paixão e morte de Jesus e sua ressurreição. Não é a primeira vez que a comunidade cristã se encontra nesta situação...

 O Papa que proibiu o jejum: Durante a peste de 1656, o Papa Alexandre VII agiu com muita determinação para deter o contágio que teria levado a um milhão de mortos em toda a Itália. “Foram suspensas as aglomerações […] civis, também as sacras, isto é, as capelas pontifícias, as habituais procissões, as pias congregações, a solenidade de ofícios nas igrejas, fechando-as nos dias em que eram determinados como festivos em seus calendários, e por isso atraíam grandes multidões”. O Papa “promulgou um jubileu universal, não impondo ao momento (segundo o costume) procissões, ou visitas a algumas determinadas basílicas, para não aglomerar a população, e retirou os jejuns, para não expor os corpos a doenças por receber menos alimentos saudáveis”.

 1656: Igrejas de Roma fechadas: Foi suspensa a adoração eucarística comunitária e foram proibidas as procissões e as orações nas ruas. Festas e cerimônias foram oficiadas a portas fechadas e as autoridades eclesiásticas chegaram a privilegiar formas privadas e pessoal de devoção e oração”. E considerando que apesar das proibições os romanos continuavam a visitar a igreja de Santa Maria in Portico, protetora da cidade nas pestilências, a Igreja “para impedir que a lotação do local fosse propícia a ulterior difusão do mal, determinou o fechamento da igreja e da rua onde se encontrava a mesma”. [...]

 São Carlos Borromeu: Cardeal e santo arcebispo da diocese de Milão, exortava os sacerdotes a socorrer os doentes, assim como ele mesmo fazia. Conhecendo os riscos de contágio, o cardeal Borromeu “para não se tornar o vetor da doença, começou a conversar com seus interlocutores mantendo a distância, e a mudar sua roupa com frequência e lavá-la com água fervente, também a purificar com o fogo tudo o que tocava. E levava consigo sempre uma esponja banhada no vinagre, assim como durante suas visitas pela cidade de Milão mantinha as moedas para esmola sempre dentro de vasos cheios de vinagre”. Para pedir a Deus que acabasse com a epidemia, o arcebispo de Milão estabeleceu quatro procissões, “às quais poderia participar apenas homens adultos, divididos em duas filas de uma só pessoa e distantes três metros uns dos outros, proibindo a participação dos contagiados e dos suspeitos de contágio”.

 Quarentena aos milaneses em 1576: Também se deve a Borromeu a proposta de uma quarentena geral para a qual todos os cidadãos deveriam ficar quarenta dias fechados em casa. “O cardeal – segundo uma narração biográfica sobre o santo arcebispo – fazia questão que tudo o que pudesse melhorar os enfermos e os pobres fosse aplicado”. Em 15 de outubro de 1576 o Tribunal de Provisões, acolhendo a proposta de Borromeu, decretou a quarentena geral para todos os habitantes de Milão.

 Sem a missa de Natal: Os milaneses em quarentena não podiam ir à igreja rezar nem participar da missa. São Carlos fez com que nas esquinas da cidade fossem colocadas cruzes e altares para celebrar missas nas quais podiam participar de longe, assomando nas janelas. A partir da metade de dezembro de 1576 a propagação da epidemia parecia diminuir. Apesar da situação ter melhorado as autoridades decidiram prolongar a quarentena, para evitar que recomeçassem os contágios, e este prolongamento do isolamento ocorreu com o consenso do cardeal, embora São Carlos lamentasse porque “o povo não poderia ir à igreja, nem mesmo na solenidade do Santo Natal”.

Fonte: Vatican News

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