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23/10/2019 VATICAN NEWS Edição Ecologia integral. A revolução "verde" dos bispos franceses
F/ wikipedia.org
"Pela primeira vez na história de uma Assembleia plenária de bispos, participarão da reflexão também sacerdotes, religiosos, leigos, homens e mulheres."

 

Bispos franceses rumo a sua Assembleia plenária em Lourdes. No próximo dia 3 de novembro se iniciará um percurso de reflexão e pesquisa de três anos sobre a ecologia integral. Para esse grande projeto convidaram pela primeira vez na história a participar da Assembleia também sacerdotes, religiosos e religiosas, leigos, homens e mulheres
 

A finalidade é fazer o olhar da “ecologia integral” entrar no coração da própria vida cristã, das dioceses às comunidades religiosas e aos movimentos. Em todos os aspectos, do serviço aos migrantes e aos mais pobres até a saúde. Porque “não se pode colocar-se à escuta do grito da natureza, se não nos colocamos à escuta do grito dos pobres e não podemos colocar-nos à escuta do grito dos pobres se não cuidamos da Criação”.

 

É a grande “revolução” que a Igreja na França decidiu empreender, à luz da encíclica Laudato si’ do Papa Francisco. Foi o que explicou à agência Sir o secretário geral da Conferência Episcopal Francesa, Pe. Thierry Magnin. Trata-se de um projeto de pesquisa que será lançado em Lourdes em 3 de novembro próximo e se propõe um percurso de três anos.

Novo método de trabalho

A “novidade “ é que, pela primeira vez na história de uma Assembleia plenária de bispos, participarão da reflexão também sacerdotes, religiosos, leigos, homens e mulheres. Duas pessoas por diocese, escolhidas não porque necessariamente são “especialistas”.

Pede-se a todos, inclusive aos bispos, que se deixem envolver numa “dinâmica sinodal” para “refletir juntos sobre o futuro da missão em suas respectivas dioceses”. Trata-se de um novo método de trabalho, nascido após a nova presidência da Conferência Episcopal Francesa, composta por dom Éric de Moulins-Beaufort e por dois vice-presidentes, dom Dominque Blanchet e dom Olivier Leborgne.

Uma visão integral da vida

Um compromisso ecológico que os bispos já assumiram anos atrás, exatamente em 2017 quando, junto com as Igrejas protestantes e ortodoxas, lançaram a etiqueta “Igreja verde” para encorajar, com um percurso em cinco etapas, à conversão ecológica de paróquias e comunidades.

“Estamos convencidos de que há aspectos da vida pastoral que podem ser profundamente iluminados pela visão da ecologia integral”, disse Pe. Thierry. Por ecologia integral entende-se um olhar alargado à natureza, bem como às relações sociais. Significa respeitar os pobres, mas também a qualidade das relações sociais.

Pressupõe que tudo está ligado a tudo e que a ação que se leva adiante num âmbito repercute num outro. Por demasiado tempo, ao invés, separamos as coisas”, frisou o sacerdote.

Unificar visões até então separadas

“De um lado, colocamos a ecologia, a questão do clima e do ambiente, a proteção da natureza. De outro, as questões sociais, a Doutrina social da Igreja, as pobrezas. Tudo permaneceu distante por muito tempo. Com a ecologia integral essas duas perspectivas se unem.”

“O Papa Francisco diz que o olhar que temos sobre o pobre é o mesmo que temos sobre o embrião humano, sobre relações sociais, sobre natureza. Então nos damos conta de que trabalhar sobre a ecologia integral nos permite ampliar nosso pensamento e, ao mesmo tempo, unificar as diferentes visões de vida que até hoje estiveram separadas”, acrescentou.

Assembleia sinodal

Durante estes três anos, na duas Assembleias plenárias anuais, os bispos se colocarão à escuta de pessoas já fortemente engajadas em vários âmbitos da sociedade civil. São expressão de diferentes profissões e proveniências, mas também membros de associações, grupos e redes já existentes.

“Em torno das comunidades cristãs, muitos jovens escolhem estilos de vida radicais em respeito ao ambiente, em nome de sua responsabilidade ecológica.”

Numa nota do Conselho permanente faz-se referência à alimentação vegetariana e a práticas inclusive radicais de respeito pela natureza. “A maior parte não precisa da Igreja para mudar seu modo de viver: e o faz impelida por uma convicção humana, por vezes alimentada pela fé cristã, muitas vezes haurindo de outras tradições culturais ou espirituais.”

“Ao mesmo tempo, sentimos que o Evangelho tem algo a dizer”, acrescentou Pe. Thierry. “Em particular, constatamos que hoje há teorias catastróficas que circulam e que teorizam o colapso final do planeta. O que nos preocupa é esse olhar totalmente pessimista sem esperança que corre o risco de gerar também formas de violência”, explicou o secretário geral da Conferência Episcopal Francesa.

“Portanto, a nossa atitude é de abertura ao que nos vem da sociedade, mas no desejo de participar desse movimento e contribuir com o Evangelho para dar um sinal de esperança a essa busca comum”, concluiu.

(Sir)

Fonte: Vatican News

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