Diác. Frt. Matheus R. Garbazza, SDN
A formação na fé deve ser sempre uma preocupação constante da Igreja, desejosa que a participação dos fiéis na sagrada liturgia seja pautada pelo conhecimento do que os ritos significam e de como se desenvolvem. Na pastoral ordinária de nossas comunidades, esta educação deveria poder atingir todas as pessoas, englobando as várias idades e níveis de participação eclesial. Em grande medida, a instrução litúrgica chega sobretudo àqueles que desempenharão ministérios: os leitores, ministros da comunhão, cantores, acólitos, etc.
Observando casos concretos, percebemos uma questão bastante problemática. É partir da via negativa para construir o processo de formação litúrgica. Isso significa que os encontros se voltam mais para uma extensa lista de “pode e não pode”, acentuando sobretudo aquilo que não se deve fazer ao desempenhar um determinado serviço. Nesse sentido, bastaria que a pessoa soubesse bem aquilo que precisa evitar, conhecendo o essencial de sua função, e estaria tudo certo. Ora, parece que este método não corresponde ao desejo da Igreja de uma participação consciente nos sagrados ritos.
Sem a pretensão de construir um programa de formação litúrgica, quero apresentar a seguir dois princípios que considero básicos para iniciar um processo de aprofundamento neste tema de vital importância para a vida da comunidade de fé. A partir daqui será possível percorrer os caminhos da liturgia com convicção e gosto pessoal, não se pautando apenas por uma série de proibições. Certamente é uma proposta mais trabalhosa, mas que sem dúvidas será mais frutuosa para todos os que nela se inserirem.
Liturgia e Bíblia
O primeiro passo é começar a desbravar a liturgia cristã a partir da Bíblia. Conhecer as fontes bíblicas da liturgia, desde o Antigo até o Novo Testamento, mostrando como a celebração do culto divino foi considerada essencial para a vida do povo de Deus. Não considerada apenas como um momento isolado no tempo, mas que repercutindo necessariamente no modo de ser. A vida de divina se manifesta pouco a pouco na vida do povo.
Essa particularidade de Israel fica bem expressa no Sl 83(84): “Na verdade, um só dia em vosso tempo/ vale mais do que milhares fora dele!/ Prefiro estar no limiar de vossa casa/ a hospedar-me na mansão dos pecadores!” (v. 11).
Perceber como a liturgia se inspira na Sagrada Escritura, sobretudo para a celebração dos sacramentos, que encontram no modo de ser de Jesus seu fundamento, levará pouco a pouco as pessoas a se aproximarem daquele zelo pela casa de Deus – marca do israelita piedoso.
Liturgia como ato de amor
O segundo princípio, decorrente quase naturalmente do primeiro, é considerar a participação na liturgia como ato de amor. Isso vale para todos os cristãos. De modo especial, é importante ressaltar isso com aqueles que desempenharão seu ministério: não o fazem meramente porque falta gente ou porque caso contrário serão sempre os mesmos... Estes argumentos são insuficientes. Tudo precisa partir de uma profunda convicção de que celebrar o mistério de Jesus é uma expressão amorosa, uma forma de engajar-se na obra da salvação.
O encontro pessoal com Jesus, sobre o qual tanto se insiste no processo de Iniciação à Vida Cristã, é a fonte donde brota a participação na sagrada liturgia. A partir desse encontro pode-se aprofundar, sem dúvidas, as normas e instruções que regulam a liturgia como culto público e oficial da Igreja. Mas uma coisa precisa necessariamente proceder da outra – sob pena de fazer da celebração um peso insuportável ou algo enfadonho.
Para refletir