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01/11/2022 Luis Miguel Modino Edição 3952 Documento da Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe: Apresentação do Documento
F/ Assembleia Eclesial
"Um Documento em seis idiomas apresentado ao Papa Francisco pela presidência do CELAM em 31 de outubro, dividido em três partes: os sinais dos tempos que nos desafiam e nos encorajam; uma Igreja sinodal e missionária a serviço da Vida Plena; e o transbordamento criativo em novos caminhos a seguir."

O Conselho Episcopal Latino-americano e Caribenho (CELAM), continua a avançar "Para uma Igreja Sinodal em saída para as periferias", documento que reúne as "Reflexões e propostas pastorais a partir da Primeira Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe", realizada na Cidade do México em novembro de 2021.

Um documento que já está nas mãos do Papa

Um Documento em seis idiomas apresentado ao Papa Francisco pela presidência do CELAM em 31 de outubro, dividido em três partes: os sinais dos tempos que nos desafiam e nos encorajam; uma Igreja sinodal e missionária a serviço da Vida Plena; e o transbordamento criativo em novos caminhos a seguir.

Como diz o texto, o desejo é "oferecer uma contribuição significativa para a reflexão e o caminho das comunidades em nosso continente, com a certeza de que 'somos todos discípulos missionários em saída'". E para fazer isso "partindo das tradições e culturas do continente para traduzir o único Evangelho de Cristo no estilo latino-americano e caribenho, em uma sinfonia onde cada voz, cada registro, cada tonalidade enriquece a experiência de ser um discípulo-missionário".

A presidência do CELAM, acompanhada pelo teólogo italiano Gianni La Bella, apresentou o documento em uma coletiva de imprensa realizada na Sala Marconi, no edifício da Rádio Vaticano, na qual dezenas de jornalistas participaram pessoalmente e virtualmente, o que não devemos esquecer que foi um dos grandes aportes da Primeira Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe.

Um laboratório prático de sinodalidade

Como destacou Dom Miguel Cabrejos, um dos grandes promotores deste momento inédito para a Igreja no continente, "um laboratório prático de sinodalidade", foi algo que "corajosa e profeticamente levantou uma barreira, porque de agora em diante, progressivamente, não será possível evitar a participação do Povo de Deus nas diversas decisões da Igreja", o que, nas palavras do presidente do CELAM, "favorece a corresponsabilidade, mas ao mesmo tempo coloca desafios".

Entre eles ele mencionou agir sempre com misericórdia, coerência entre discurso e prática, leitura adequada dos sinais dos tempos, escuta, diálogo e discernimento como processo, comunicação mais empática, habitar o "continente digital", acolher a diversidade, integrar as mulheres nos espaços de decisão e ver sempre nos outros a imagem de Deus. Desafios que afetam o clero e a Vida Religiosa, em relação a sua formação num mundo pluralista, seu modo de vida, mais simples, mais austero e místico, trabalhando em sinodalidade, promovendo e acompanhando os leigos. Eles são chamados a caminhar juntos, a avançar em uma formação sólida, uma prática coerente e a assumir a Doutrina Social da Igreja.

Uma Igreja que "deve construir pontes, derrubar muros, integrar a diversidade, promover a cultura do encontro e do diálogo, educar no perdão e na reconciliação, o senso de justiça, o repúdio à violência e a coragem pela paz", concluiu Dom Cabrejos.

No lugar das perguntas e da construção coletiva

Aos presentes na Sala Marconi se juntaram testemunhos de diferentes partes da América Latina. Uma delas foi Ir. Liliana Franco, que refletiu sobre o tema: "O transbordamento criativo em novos caminhos a serem percorridos: perspectivas da Vida Religiosa Latino-Americana". Segundo a religiosa, estamos em um momento de esperança, que nos levou a nos colocar "no lugar das perguntas e da construção coletiva", a nos questionar "sobre a vontade de Deus", a fim de nos aproximarmos da realidade a partir daí.

Uma Vida Religiosa que, segundo sua presidenta no continente, está comprometida com "uma Igreja em perspectiva missionária, em saída como condição de fecundidade apostólica". Portanto, a ouvir os gritos, apostando em novos modos relacionais, deixando claro que, em contextos tão complexos, "os crentes são chamados a ser um sinal, uma expressão de estilo e valores contraculturais e eloquentes". Um transbordamento criativo que "não será possível sem a participação das mulheres, dos leigos e dos jovens" e que desafia "a abrir buracos para o Espírito".

Transbordamento e escuta

Uma Assembleia que, nas palavras de Gianni La Bella, foi "sobretudo uma verdadeira e feliz experiência de sinodalidade, em escuta mútua e discernimento comunitário, sugerida pelo Espírito", que ele considera "uma ponte ideal entre o Sínodo Pan-Amazônico e o próximo Sínodo Universal sobre a Sinodalidade, experimentando no terreno uma nova abordagem conceitual da eclesiologia da comunhão".

O teólogo italiano lembrou as duas palavras nas quais o Papa insistiu em relação à Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe: transbordar, a fim de "superar divisões e encontrar soluções criativas e inovadoras", e escutar, a Deus e aos gritos. A partir daí ele mostrou a importância dos "sinais dos tempos" e como os desafios que emergiram da Assembleia, que busca "oferecer uma série de sugestões práticas para reler e atualizar o conteúdo e o espírito da Conferência de Aparecida". 

Ser santos em jeans e tênis

Dom José Luis Azuaje, presidente da Caritas América Latina e Caribe, Irmã Laura Vicuña da CEAMA, e a jovem Paola Balanza da Pastoral Juvenil, mostraram elementos presentes na Assembleia Eclesial. Uma Assembleia que mostra uma Igreja mais renovada, em saída para as periferias, samaritana, a serviço da vida, especialmente dos mais pobres, uma Igreja que constrói fraternidade, sustentada pelo amor àqueles que mais sofrem, segundo Dom Azuaje, que insistiu em ser "uma Igreja próxima que se constrói como misericordiosa e promove a cultura da ternura".

Não se pode ignorar que a participação sinodal requer "uma escuta atenta do Espírito, um diálogo aberto e fecundo e um discernimento eclesial", de acordo com Ir. Laura Vicuña. Ela insistiu que somos todos o Povo de Deus que caminha junto, com a mesma dignidade batismal. Uma Igreja que na Amazônia quer ser ministerial, inculturada, levando em conta a ecologia integral, em um processo de conversão.

A representante dos jovens os chamou a "serem santos de jeans e tênis", a compartilhar o amor de Deus, já que são "sujeitos fundamentais dentro da Igreja, sujeitos de comunhão, de participação, de missão". A partir daí, Paola Balanza desafiou a Igreja a ouvi-los e a serem levados em conta, pedindo que o documento seja conhecido e praticado.

A relação da Assembleia com o espírito de Aparecida

A Assembleia Geral do CELAM realizada em Tegucigalpa em 2019 refletiu e aprovou a necessidade de uma VI Assembleia Geral do Episcopado, segundo o Cardeal Odilo Scherer, que lembrou que quando foi apresentada a ideia ao Santo Padre, viu melhor retornar ao Documento de Aparecida e aconselhou outro tipo de iniciativa, mantendo como referência esse documento, que deu origem à Assembleia Eclesial, com a participação de todos os membros do Povo de Deus.

O vice-presidente do CELAM lembrou as três recomendações do Papa naquela época: avaliar os frutos de Aparecida, analisar as lacunas e ver os novos desafios. O Arcebispo de São Paulo insistiu que, durante a Assembleia Eclesial, "o desenvolvimento das reflexões não se concentrou tanto em Aparecida, mas olhou para os novos desafios e problemas não resolvidos desde Aparecida". Este foi um evento novo, diversificado e único, em termos de suas dimensões e participação, que despertou grande interesse em outros continentes. E com uma metodologia sinodal que foi muito clara, algo nascido em Aparecida e promovido pelo Papa Francisco nos últimos anos.

 O transbordamento evangelizador do Povo de Deus em termos sinodais

O Cardeal Leopoldo Brenes também insistiu em que esta fosse uma nova experiência, algo "que fizesse os bispos latino-americanos se sentirem felizes e orgulhosos de pertencer a esta Igreja", que não está instalada, mas em movimento, em missão permanente. O segundo vice-presidente do CELAM enfatizou a determinação do Santo Padre em celebrar um processo e não um evento, e a dívida para com Aparecida. Da mesma forma, ele reafirmou a riqueza das contribuições de milhares de pessoas, "que nos deram o que estamos apresentando hoje, como reflexões e propostas, como algo que vem para energizar e dar um novo impulso a todo o nosso trabalho pastoral".

Neste sentido, o Arcebispo de Manágua apelou aos meios de comunicação para ajudar este documento a alcançar as pessoas simples através deles, "um documento que traz o que Aparecida estava faltando, com o qual estamos estabelecendo diretrizes para outros continentes".

Propostas pastorais e linhas de ação

Temos diante de nós um texto que retoma os quatro sonhos do Papa Francisco na Querida Amazônia, disse Dom Jorge Eduardo Lozano. O secretário geral do CELAM destacou que "nos são oferecidas 6 linhas de ação pastoral que visam cobrir as várias dimensões da ação pastoral com vários desafios, fruto do trabalho de todo o processo, coletado pela equipe de reflexão teológica".

A partir daí, ele pediu que fosse realizado um processo de apropriação para que este texto pudesse entrar em nossas comunidades de forma capilar. Ele também salientou que não se trata de um documento do Magistério Episcopal da América Latina, nem do reflexo de um grupo de amigos ou da conclusão de um congresso, nem da reflexão de uma equipe de especialistas no campo acadêmico. Estamos tratando de um documento, insistiu Dom Lozano, que "reúne o reflexo do Povo de Deus formado pelas diferentes vocações e auxiliado pelo Espírito Santo. Não é fruto de uma iniciativa particular, mas do chamado do Santo Padre, que pode nos renovar no impulso evangelizador e missionário".

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