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17/03/2023 Antônio Carlos Santini Edição 3957 De toda a tua alma! (Mc 12,28b-34) - 17/03/2023
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"Feliz daquele que “descobre” esse amor, mesmo que no crepúsculo da existência, quando tudo parecia mergulhar no vazio. Feliz daquele que pode repetir com Santo Agostinho: “Tarde te amei, Beleza tão antiga e sempre nova! Tarde te amei! Tarde te encontrei!"

De toda a tua alma! (Mc 12,28b-34) - 17/03/2023

                Exigente, não? Esta é a medida do amor devido ao Senhor. E não se trata de alguma novidade, pois o mandamento – o primeiro e o maior de todos! - vem da aurora da Primeira Aliança, conforme anotado no livro do Deuteronômio 6,5. E a palavra grega que nossas versões traduzem como “alma” [psiché] também pode ser traduzida por “vida”. É com a totalidade da vida que se mostra o amor a Deus.

                Em um comentário, Frei Raniero Cantalamessa se interroga: “Mas que é, afinal, esse misterioso amor de Deus que precede qualquer prática e qualquer resposta do homem, mas que também a desperta e a torna possível?” E ele mesmo responde: “É a escolha de Deus, aquela a que os teólogos chamam de “opção fundamental”: algo que nasce e cresce contemporaneamente com a fé e com a esperança, é um dom (a virtude teologal da caridade). Tal escolha é então possível, com uma condição: que seja Deus a nos escolher e a nos amar primeiro. Mas essa condição já foi realizada: ‘Nisso consiste o amor: não em termos nós amado a Deus, mas em ter-nos ele amado. Amamos porque Deus nos amou primeiro’. (1Jo 4,10.19)”

                A conclusão é que o amor “devido” a Deus não é um “dever”, mas simples resposta de amor a um Amante que toma a iniciativa de nos amar. E, como cantava a pequena Teresa de Lisieux, “amor com amor se paga”. Isto devia ser óbvio: não se ama por dever, mas por paixão. Nenhum apaixonado diria que ama por “dever”; ama porque não pode resistir ao impulso amoroso que o arrasta para a outra pessoa.

                Então, por que tantos falham nessa relação de amor? Certamente, porque ainda não experimentaram esse amor. Lembro-me de uma senhora que, encontrando-me após longos anos de ausência, em plena festa junina, voltou-se para mim e disse: - “Você foi a primeira pessoa que me disse que Deus me amava”.

                E era esta a queixa e o pranto de Francisco pelas ruas de Assis: “O Amor não é amado!” Nossas crianças crescem sem ouvir e receber os sinais de que são amadas por Deus. Pais violentos e mães ausentes reforçam esse vazio amoroso. Comunidades frias e legalistas virão confirmar a distância e a ausência de Deus. Como responder a um amor que não se conhece?

                Feliz daquele que “descobre” esse amor, mesmo que no crepúsculo da existência, quando tudo parecia mergulhar no vazio. Feliz daquele que pode repetir com Santo Agostinho: “Tarde te amei, Beleza tão antiga e sempre nova! Tarde te amei! Tarde te encontrei!” Para esse bem-aventurado, o entardecer se muda em límpida aurora, em manhã luminosa...

Orai sem cessar: “Acaso vistes o amado de minha alma?” (Ct 3,8)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança

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