Formação Juventude
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18/06/2019 Dione Afonso Edição 3913 Cristo vive e nos dá um coração sempre jovem! “Christus Vivit”: 
F/ Dione Afonso
"Cristo Vive: é Ele a nossa esperança e a mais bela juventude deste mundo!"

 

Frt. Dione Afonso, SDN*

 

Cristo Vive: é Ele a nossa esperança e a mais bela juventude deste mundo! Tudo o que toca torna-se jovem, fica novo, enche-se de vida. Por isso as primeiras palavras, que quero dirigir a cada jovem cristão, são estas: Ele vive e quer-te vivo!” [CV, 1]. Com essas palavras o Papa Francisco inicia a sua Exortação Pós-Sinodal dirigida a todos os jovens do mundo. Queremos aproveitar este espaço em nossa Revista O Lutador para publicar uma sequência de reflexões ligadas a esta Carta do Papa Francisco para toda a Igreja.

 

Escuta e proximidade

Nos quatro primeiros números o papa já deixa traçado o caminho que deseja percorrer nessa exortação. A reflexão a cerca dos jovens é dirigida também a todo o povo de Deus e aos pastores porque “a reflexão sobre os jovens diz respeito a eles, mas nos interpela a todos nós” [CV, 4]. A exortação pós-sinodal não se preocupou apenas em trazer a lume os temas que o Sínodo de 2018 levantou, mas o pontífice deu ao documente um caráter mais abrangente e provocativo partindo da Palavra de Deus até chegar ao tema do discernimento e da vocação.

Vemos na caminhada dos discípulos de Emaús uma caminhada marcada pela decepção e tristeza. Aqueles dois jovens foram a Jerusalém para ouvir aquele tal de “Jesus” falar às multidões. Imaginemos o quanto aqueles rapazes não tinham ouvido falar de Jesus: seu carinho e sua atenção para com todo o povo. E eles foram, “o chamado à fé é um caminho coerente de vida cristã ou de especial consagração é um irromper discreto, mas forte, de Deus na vida de um jovem, para lhe oferecer o dom de seu amor”.

Essa saída dos dois jovens de Emaús para Jerusalém é um chamado de Deus. Deus é quem toma a iniciativa, e, Ele que nos chama a segui-lo. É preciso parar e ouvir. Parar e nos aproximar. Hoje, parece que essa proximidade está cada vez mais escassa entre nós. “Quantos de nós – afirma o papa – já não são jovens precisam de ocasiões em que tenham próxima a voz e o estímulo dos jovens. A proximidade cria as condições para que a Igreja seja espaço de diálogo e testemunho de fraternidade que fascina” [CV, 38].

 

As barreiras que ensurdecem

Se não temos conseguido ouvir há algo que tapa então, os nossos ouvidos. A subida de Emaús para Jerusalém provavelmente foi feita às pressas, os dois jovens devem ter ido com um sorriso no rosto, eles, de fato, iriam conhecer Aquele de quem ouviam falar: Jesus. O que será que Ele tem a nos dizer? O que será que vamos ouvir d’Ele? Como Ele é? Esse é o momento da escuta e da proximidade. Lembramos também do encontro do anjo com Maria: “Não temas Maria, [...] conceberás um filho, lhe darás à luz e o chamarás Jesus” [Lc...].

No Sínodo, os bispos se depararam com uma situação preocupante: “um número de jovens alega que a Igreja não os representa e não os ouve, aliás, alguns sentem-se irritados e a enxergam como uma presença importuna”. Muitos fieis, entre eles, grande número de jovens percorrem animados e motivados “rumo à Jerusalém”, quer dizer, indo à comunidade, ao grupo de jovens, à participação da missa... buscando ouvir o que Jesus tem a vos dizer, no entanto, quantos não retornam decepcionados por não terem encontrado o que buscavam.

“Muitas vezes este pedido não nasce dum desprezo acrítico e impulsivo, mas mergulha as raízes mesmo em razões sérias e respeitáveis: os escândalos sexuais e económicos; a falta de preparação dos ministros ordenados, que não sabem reconhecer de maneira adequada a sensibilidade dos jovens; pouco cuidado na preparação da homilia e na apresentação da Palavra de Deus; o papel passivo atribuído aos jovens no seio da comunidade cristã; a dificuldade da Igreja dar razão das suas posições doutrinais e éticas perante a sociedade atual” [CV, 40].

 

Por uma Igreja jovem

A Igreja é jovem e sempre será, muitos de nossos jovens revelam uma fé verdadeira e fundada em Jesus Cristo. São os jovens que têm a coragem de cobrar da Igreja uma atitude de maior “escuta e que não passe o tempo todo a assumir a atitude de condenar sempre o mundo e as pessoas”. Nossos jovens “não desejam uma Igreja calada e tímida, mas tão pouco desejam que esteja sempre em guerra por dois ou três assuntos que a obcecam” CV, 41].

O papa afirma que se nossas comunidades ainda desejam que os jovens voltem a crer nela, a buscar nela a verdade do Evangelho, ela “precisa recuperar a humildade de simplesmente ouvir, reconhecer” e, até mesmo aprender a viver o jeito jovem de ser. “Uma Igreja na defensiva, que perde a humildade, que deixa de escutar, que não permite ser questionada, perde a juventude e transforma-se num museu”. Como poderá uma Igreja assim receber os sonhos dos jovens?

Que saibamos acolher e nos aproximar destes jovens que saem motivados de Emaús – de suas casas, cidades, bairros, periferias – e sobem animados, alegres e motivados para chegarem a Jerusalém e se encontrar com Jesus – chegam em nossas igrejas, capelas, comunidades, encontros, eventos, celebrações para ouvir o que nossos pastores tem a dizer e, que possam, neles encontrar ouvidos atentos a escutar vossos anseios.

É preciso deixar para trás “a tendência de fornecer aos nossos jovens respostas pré-fabricadas e receitas prontas, sem deixar que as perguntas juvenis na sua novidade somem à nossa experiência e assim, revelam o que nossos jovens interpelam a nós. Quando a Igreja abandona esquemas rígidos e se abre à escuta pronta e atenta dos jovens, ela permite que os jovens deem a sua colaboração à comunidade” [CV, 65].

 

Para rezar e discutir em grupo:

Nossas comunidades têm assumido a postura de escuta atenta aos nossos jovens ou ela ainda caem na tentação de fornecer receitas prontas às suas angústias?

 

* Religioso Sacramentino. Graduando em Comunicação na PUC-Minas. dafonsohp@outlook.com

 

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