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22/09/2022 Wagner Dias Ferreira Edição 3951 A caverna sem prazeres
F/ Pixabay
"De toda forma, seja a filosofia seja a teologia, o cidadão ocidental está desafiado a todo tempo, por determinação cultural a sair da caverna. Encontrar a realidade como ela é e experimentar a plenitude da verdade"

 

Todos os homens da civilização contemporânea colheram do cristianismo  muito do que somos hoje. Os cristãos ocidentais conhecem duas histórias sobre cavernas, propagadas para interpretação  da realidade hoje. A história do Profeta Elias se sentindo só, com medo  e abandonado na caverna. E o Mito da Caverna de Platão.

Nas duas histórias, as pessoas dentro da caverna vêem uma realidade parcial ou distorcida. Seja por medo e fuga voluntária da realidade ou seja por aprisionamento. Os personagens estão ali extremamente limitados.

Em ambas as histórias, a superação dos limites dados para a forma como está sendo vista e vivida a realidade, com a tomada de consciência da verdade, é dolorosa e exige um processo de coragem transformadora, aceitação da mudança  e adaptação da surpreendente percepção do novo.

No mito da caverna de Platão, as pessoas presas na caverna acreditam que a realidade são as sombras projetadas na parede. Eles se permitem profundas reflexões sobre as sombras. A boa nova trazida pelo olhar em direção à luz e aos objetos que outrora conheciam apenas pelas projeções de sombras na parede da caverna exige coragem, esforço e adaptação para perceber o novo, ou uma realidade mais completa e deslumbrante.  Rupturas absolutas de antigas reflexões profundas e arraigadas. Evidente que muitos resistirão ao desconforto para permanecer na prisão da caverna. E há aqueles que mesmo tendo saído da caverna farão a opção de voltar para ela.

Na história do Profeta Elias na caverna, logo após vencer os profetas de Baal em obediência a Deus, ele se refugia  caverna, com medo, solitário e se acreditando abandonado. E lá ele é despertado por muitos acontecimentos para tomar consciência de que aquela caverna é uma limitação totalmente divergente do que Deus tinha como proposta para a vida do Profeta Elias.

As duas histórias estão arraigadas na cultura ocidental. Seja a filosofia ou a teologia, o cidadão ocidental está desafiado a todo tempo, por determinação cultural, a sair da caverna. Encontrar a realidade como ela é e experimentar a plenitude da verdade.

Apesar de a internet ser uma janela de acesso a muitas informações e notícias, quando as pessoas estão ali presencialmente e optam por se ligar ao objeto que dá acesso à internet ao invés de vivenciar a conexão com a pessoa ali presente faz pensar que as pessoas estão preferindo abrir mão de olhar para a luz na entrada da caverna e preferindo as sombras na parede que chegam pelo celular. Em muitos casos, a internet tem funcionado como armadilhas para trazer de volta as pessoas para a caverna.

Os terremotos, furacões e fogo que acontecem fora da caverna podem muitas vezes assustar. Mas são necessários para receber a mensagem de Deus, boa nova, de que há um caminho diferente fora da caverna,  onde não se estará só.

Todos nós precisamos enfrentar o desconforto da luz presente na entrada da caverna, permitir que nossos olhos se adaptem e nossos corpos se ergam e se ajeitem para sair e ver as coisas em sua plenitude, compreendendo qual é a verdadeira vida proposta a todos nós fora da caverna. Sempre juntos, para que a alegria de um seja a alegria de todos.

Importantíssimo verificar tudo que nos chega pela internet para evitar que ao acolher todas essas postagens, videomontagens, mensagens de toda ordem não nos mantenham aprisionados na caverna, longe e sem usufruir daquilo que Deus tem proposto para um e para a todos, porque só será pleno se for para todos.

*Advogado Criminalista e Vice-Presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB/MG

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