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27/01/2021 Robson Ribeiro de Oliveira Castro Edição 3932 A Campanha Fraternidade Ecumênica e o caminho do Diálogo
F/ Portal Kairós
"A CFE 2021 usará o método da caminhada feita pelos discípulos de Emaús, com paradas para o VER: de que estamos falando; JULGAR: iluminação da Palavra; AGIR-CELEBRAR: buscar construir pontes..."

Robson Ribeiro de Oliveira Castro*
Este ano temos a 5ª edição da Campanha da Fraternidade Ecumênica (CFE). O tema desta Campanha é: “Fraternidade e Diálogo, compromisso de amor”. O lema: “Cristo é a nossa paz: do que era dividido fez uma unidade” (Ef, 2,14). O texto base (TB), que orienta esta Campanha traz como proposta “o diálogo e a construção de pontes de amor e paz em lugar dos muros de ódio” (TB 2). Com esta certeza ela nos convoca a observar o caminho que cada um faz em direção ao outro. Não em direção ao próximo como reciprocidade, mas na direção de quem mais necessita, dos excluídos e descartados, sem nada querer em troca.

Construir pontes, não muros

A proposta desta CFE, de buscar a unidade para enfrentar juntos os males que ferem a vida, revela-se como o caminho de um autêntico servidor. Cristo foi exemplo de homem que encarou de frente os problemas sociais e conflitos de seu tempo. Viveu a vida enfrentando dificuldades semelhantes às de qualquer pessoa de sua época. Ele soube observar os desígnios de Deus e escutou o Seu chamado. Nos dias de hoje, cabe a cada um de nós, membros de qualquer denominação religiosa, grupo, pastoral ou movimento, encontrar meios para a construção de pontes e não de muros. Somente assim podemos dizer que estamos evoluindo enquanto sociedade, aprendendo a caminhar juntos, na fraternidade.

A pandemia do COVID-19, já fez milhões de vítimas. Só no Brasil, já são mais de 220 mil vítimas. Trata-se de uma realidade nunca antes concebida. Não podemos menosprezar o número de mortos. Não são somente números, são indivíduos, são vidas humanas. São pessoas que sofreram as consequências diretas dessa difícil realidade. São famílias que se desfizeram com a morte de um ou mais membros. Essa realidade exige uma nova postura de vida, um caminho de cuidado, de zelo ético pelos afligidos pela contaminação e atenção especial aos que mais sofrem.

A CFE 2021 usará o método da caminhada feita pelos discípulos de Emaús, com paradas para o VER: de que estamos falando; JULGAR: iluminação da Palavra; AGIR-CELEBRAR: buscar construir pontes (TB 20 a 22). Esta Campanha também está em sintonia com a última carta do Papa Francisco, a nova encíclica lançada dia 03 de outubro passado, que tem por título Fratelli Tutti (FT)  e trata da fraternidade e da amizade social. Neste documento o Bispo de Roma nos recorda que somos todos irmãos e que o amor-caridade deve ser o nosso caminho para construirmos uma sociedade mais justa, fraterna e solidária.

Só nos salvaremos juntos

O Papa Francisco, nos deixa um alerta: “É verdade que uma tragédia global como a pandemia do Covid-19 despertou, por algum tempo, a consciência de sermos uma comunidade mundial que viaja no mesmo barco, onde o mal de um prejudica a todos” (FT 32).

Só nos salvamos juntos. Um “mundo novo” só será possível se formos construtores de pontes e sairmos ao encontro dos mais necessitados. A mudança deve começar em nós e a partir da nossa realidade. A realidade vivenciada por nós é um convite a olhar para esta pandemia como desafio a ser superado. Como caminho de esperança e oportunidade para gestar uma realidade nova, novos projetos para um outro jeito de ser, de viver e conviver: mais humano, ético e solidário.

O Papa Francisco nos convoca a refletir sobre a nossa ação no mundo e nossa pertença a uma sociedade que ainda não aprendeu a agir e viver com o diferente: “ficou evidente a incapacidade de agir em conjunto. Apesar de estarmos superconectados, verificou-se uma fragmentação que tornou mais difícil resolver os problemas que nos afetam a todos” (FT 7).

Por isso é preciso observar nossa caminhada, nosso desejo de mudança e nossa condição de membros e uma sociedade doente e fragilizada. Francisco é categórico e afirma: “Desejo ardentemente que, neste tempo que nos cabe viver, reconhecendo a dignidade de cada pessoa humana, possamos fazer renascer, entre todos, um anseio mundial de fraternidade” (FT 8).

Caminhar juntos valorizando a diversidade

É preciso caminhar lado a lado com os mais necessitados e fragilizados, estabelecer com eles um verdadeiro diálogo e uma efetiva comunhão. É preciso nos apoiar na realidade, encarar a crise humanitária e social que estamos vivendo. Não podemos deixar de lado a gravidade dos acontecimentos e muito menos nos aprisionar no reflexo das sombras, longe da realidade, (como no “Mito da Caverna” de Platão). Precisamos seguir em frente, conscientes e convictos de que não é ético ocultar ou virar as costas à realidade. Tratar de ética é pensar em condutas e valores que, honestamente, possam nortear nossas ações e decisões. A situação da pandemia que vivemos é um momento de refletir sobre a nossa realidade, mas sem perder a esperança.

Esta Campanha da Fraternidade, celebrada de forma ecumênica, é uma proposta e um período de verdadeira resignificação de situações e busca de novos caminhos. Que  possamos nos encontrar e somar forças num ideal comum de fraternidade, independentemente da religião ou fé que professamos ou mesmo da condição social em que vivemos. Uma autêntica comunhão só se torna possível quando nos decidimos a caminhar juntos, valorizando a diversidade, socorrendo os necessitados, nos dando as mãos para seguimos juntos, lado a lado, rumo a uma nova sociedade. Afinal, somos todos irmãos...

* Mestre em Teologia pela Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia (FAJE); Professor do Instituto Teológico Franciscano (ITF); Colaborador do Instituto Teológico Arquidiocesano Santo Antônio (ITASA); Editor-gerente da Revista RHEMA, Revista de Filosofia e Teologia do Instituto Teológico Arquidiocesano Santo Antônio.

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