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05/11/2019 Antônio Carlos Santini Edição 5/11/2019 – Comprei um campo... (Lc 14,15-24)

PALAVRA DE VIDA

5/11/2019 – Comprei um campo... (Lc 14,15-24)

            Não há nada de errado em comprar um campo. Absolutamente. Compra-se um campo para trabalhar a terra, plantar e colher. Com isso, criamos vagas para os desempregados, produzimos alimentos que matarão a fome de muitos. Contribuímos para o progresso da sociedade. Mas...

            Sim, tudo tem um “mas”. Talvez o tal campo venha a se transformar na razão última de nossa vida, ocupando-nos de tal modo que tudo o mais perde valor: amigos, família, o próprio Deus. Neste caso, nosso campo se mudou em autêntico ídolo. Por isso ele cobra de nós muito além do que seria legítimo, roubando a nossa liberdade e transformando-nos em autênticos escravos.

            A parábola de Jesus fala de “coisas boas” que acabaram por encher o coração humano a tal ponto que, quando veio o inestimável convite do Senhor, foram usadas como desculpas para recusá-lo. Desde os profetas antigos, o banquete é símbolo dos tempos messiânicos, quando nos tornamos convivas na mesa de Deus. No extremo da Escritura, o Apocalipse, o anjo manda que João anote: “Felizes os convidados ao banquete das núpcias do Cordeiro!” (Cf. Ap 19,9.) Convidar alguém para sua mesa é gesto que honra o convidado, além de manifestar evidente desejo de intimidade.

            A parábola mostra duas “fases”: a recusa dos escolhidos e sua troca pelos desclassificados. Nos dois grupos, os Padres da Igreja viram respectivamente os judeus daquele tempo (o Povo escolhido) e os gentios (os que não eram povo), aos quais o Evangelho foi pregado quando os primeiros se recusaram a ouvi-lo.

            Os hebreus eram a menina dos olhos do Senhor: para eles concedera “a adoção e a glória, as alianças e a Lei, o culto e as promessas” (cf. Rm 9,4). No entanto, quando veio o Messias, não o reconheceram, mas o condenaram à cruz. À primeira vista, tinham muito a perder ao aceitar o convite. Era preciso abrir mão de enorme tesouro que parecia ameaçado pela novidade de Cristo.

            Não é diferente conosco. Quando o Senhor nos chama, é possível que nos deixemos iludir – especialmente os mais jovens - por uma sensação de perda: “Que é que Deus vai tomar de mim?” Como se ele não fosse o Senhor de tudo e nada lhe faltasse... Ao abraçar a Irmã Pobreza, Francisco de Assis abraçava a liberdade. Livre, nada mais seria obstáculo entre ele e o Cristo que lhe passava suas chagas.

            Seria bom examinar a nossa vida e nos questionar: alguma coisa nos prende e nos faz recusar o convite do Senhor?

 

Orai sem cessar: “O Senhor consagra seus convidados.” (Sf 1,7)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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