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04/08/2020 Antônio Carlos Santini Edição 4/08/2020 – Ficaram indignados... (Mt 15,1-2.10-14

PALAVRA DE VIDA

4/08/2020 – Ficaram indignados... (Mt 15,1-2.10-14

            Este Evangelho registra a indignação dos homens da Lei judaica diante da pregação de Jesus de Nazaré, que opunha ao ensino moralista e casuístico dos fariseus uma atitude de ampla liberdade, reconduzindo a prática religiosa ao essencial e libertando-a das picuinhas com que os maus mestres envenenavam o povo.

            E a reação de Jesus diante dessa indignação raia pelo desprezo: “Deixai-os!” É o mesmo que dizer: “Esqueçam essa gente! Joguem fora esse ensinamento!” Com isso, os “mestres de Israel” (cf. Jo 3,10) caíam em descrédito e perdiam sua pretensa autoridade moral e espiritual junto à população.

            Em nossos dias, repete-se o triste cenário dos pregadores que reduzem a Boa Nova de Jesus a um conjunto de fórmulas e receitas prontas que apenas contribuem para tornar distante e antipático o Filho de Deus que deu sua vida por nós. Aquele que veio como libertador acaba apresentado como uma camisa de força. Troca-se o fiel animado pela liberdade do Espirito Santo por uma espécie de múmia sem alma e sem coração.

            Jesus prega um “Evangelho do coração”, uma lei interior justificada pelo amor, livre de quinquilharias que só servem para conservar o crente em vidros de formol. Jesus troca a pureza ritual, buscada em gestos exteriores, pela pureza do coração.

            O biblista Hébert Roux comenta: “Aqui, como na maior parte dos textos evangélicos, o coração designa o ser humano enquanto dotado de vontade e capaz de dedicação e afeto. O erro dos fariseus e de suas prescrições formalistas consiste em crer que a impureza é exterior ao homem, e que é possível preservar-se dela graças a algumas precauções e cerimônias. Sua prática ritual tem por efeito produzir uma falsa obediência e uma falsa liberdade, pois elas submetem as almas a alguma coisa que não é Deus; favorecem o afastamento do coração que se considera livre de dívida, a baixo preço, em relação às reais exigências da Lei”.

            De fato, em nosso encontro definitivo, o Senhor não vai perguntar se lavamos as mãos antes do jantar, mas se viemos para o festim nupcial com o coração cheio de amor e de misericórdia. E a misericórdia prevalecerá sobre as mãos sujas...

Orai sem cessar: “É para a liberdade que Cristo nos libertou...” (Gl 5,1)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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