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20/06/2020 Antônio Carlos Santini Edição 20/06/2020 – Guardava tudo em seu coração... (Lc 2,41-51)

PALAVRA DE VIDA

20/06/2020 – Guardava tudo em seu coração... (Lc 2,41-51)

            Na Sagrada Escritura, o “coração” não é de modo algum o coração dos românticos, símbolo de pequenos afetos e de vago sentimentalismo. Antes, o coração bíblico aparece como o centro do dinamismo espiritual, aquele núcleo interior capaz de volição, na escolha entre o bem e o mal, entre o Reino de Deus e os reinados humanos.

            O teólogo Wolfgang Beinert comenta que, quando o Evangelho diz que “Maria guardava todas estas coisas em seu coração, ele faz uma afirmação importante sobre a sua disposição de ânimo mais íntima, sobre a profundidade existencial de sua receptividade, que sabe permanecer na escuta, refletir e introduzir os acontecimentos no centro da própria existência”.

            Neste sentido, a Mãe de Deus é nosso modelo perfeito de resposta à vontade do Senhor, seja ela revelada de modo interiorizado, seja manifestada pelos acontecimentos do dia a dia. E esta consciência é importante para nossa autocompreensão enquanto seres humanos, que tantas correntes materialistas e mecanicistas pretendem reduzir a uma espécie de mecanismo impessoal, meros efeituadores para a produção.

            Maria tem um coração. Também nós temos um coração. Somos criaturas que o Criador chama à liberdade plena, de modo que nenhuma pressão ou coação – de César ou de Mamon – seja suficientemente forte para nos desviar da missão a que fomos chamados

            “Esta concepção do ‘coração’ – continua W. Beinert – influenciou também o pensamento cristão, por exemplo em Santo Agostinho, que vê o coração como o centro pessoal do homem, o centro que encerra em sua própria profundidade abissal a vida espiritual pessoal; ou em Pascal, que fala do coração como do lugar em que propriamente se verifica a experiência de Deus e o conhecimento da verdade.”

            O modelo de civilização que nossa sociedade vem adotando favorece uma vida epidérmica, tecida de exterioridades, moldada em gestos e atitudes puramente formais, mas que não refletem uma pulsação interior capaz de nos transformar em pessoas livres e conscientes. Homens que não vão além da máscara...

            Sem dúvida, a notável atração exercida sobre nós pela Mãe de Deus brota da intuição de que nosso coração pode também entrar em sintonia com o dela.

Orai sem cessar: O meu amado é todo meu!” (Ct 2,16)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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