18o Domingo do Tempo Comum - 4/08/2019
Leituras: Ecl 1,2;2,21-23; Sl 89[90]; Cl 3,1-5.9-11; Lc 12,13-21
Destaque: “Tomai cuidado contra todo o tipo de ganância!” [Lc 12,15]
A palavra “vaidade” não traduz tudo o que o termo hebraico “hebel” pode significar. Significa vaidade, fugacidade, ilusão, mais precisamente, sopro, hálito, fumaça. Ele quer dizer que tudo é como uma bolha de sabão: bonita, reluzente, mas não dura nada, não serve para nada. Assim é a vida do povo, quando é explorado na sua força de trabalho.
Mas, diante desta análise realista, o autor nos deixa uma mensagem: a felicidade neste mundo é poder usufruir plenamente dos frutos do trabalho, pois esse é o dom que Deus dá para todos (cf. vv. 24ss). O Novo Testamento dá um passo em frente, não colocando a felicidade do homem neste mundo. Convida-nos à partilha e a sermos ricos para Deus.
Enquanto corpo de Cristo, os cristãos ainda lutam neste mundo pela justiça, pela paz, contra os vícios, contra o pecado; a cabeça (o Cristo) já está no céu. Assim a vida do cristão está escondida em Cristo com Deus (v. 3).
Quando é que a vida do cristão vai aparecer? A vida do cristão é Cristo. Só quando Cristo se manifestar na parusia a vida do cristão vai aparecer junto com Cristo na glória (v. 4). Nós somos, na terra, como a semente, já temos tudo, mas só nos será revelada toda a beleza da novidade cristã, com toda a riqueza da ressurreição e da glória, quando do encontro com Cristo, quando Cristo se manifestar totalmente em nós e no mundo.
De fato, Jesus fala de ganância, de cupidez, de abundância e aproveita para exortar a uma precaução cuidadosa sobre os bens materiais, pois eles não asseguram a vida do homem. Além disso, Jesus explica sua posição através de uma parábola sobre o fim inesperado de um rico ganancioso e egoísta que só pensava em acumular para si. O v. 21 vai arrematar tudo, dizendo que quem ajunta tesouros para si e não é rico para Deus, tem a trágica sorte desse rico ganancioso e seus bens ficam para outrem.
O que está por trás do texto? Uma ideia do que está por trás do texto ajuda a entender a posição de Jesus. No tempo de Jesus havia duas propostas de sociedade, ou dois modelos econômicos. O do campo e o da cidade. O do campo se fundamentava na partilha, através da solidariedade, da troca de produtos etc. Isso impedia que os endividados caíssem na desgraça e tivessem que emigrar para a cidade, tornando-se mendigos ou bandidos.
O modelo econômico da cidade, ao contrário, é fundamentado na ganância, no acúmulo, na lei do mais forte. Isso, naturalmente, é fonte de exclusão e marginalidade, gera mendicância, violência, roubo etc.
Sem dúvida, o texto de hoje reflete uma situação do modelo econômico da cidade e não do campo, reflete a ganância e a exploração, não a partilha. Jesus toma posição em favor da partilha, não da cobiça, mas sem se colocar como árbitro entre os contendentes. A posição de Jesus está clara na sua exortação (v. 15) e na parábola que contou (vv. 16-21). Jesus é contra qualquer cobiça, pois a cobiça não garante a vida de ninguém.
A parábola traz o monólogo de um homem rico, ganancioso e egoísta, cujo ideal de vida é apenas comer, beber e desfrutar (v. 19; cf. Ecl 2,24; 3,13; 8,15). Este homem não pensa nos seus empregados, não pensa nos pobres; é profundamente ganancioso e egoísta. Jesus o chama de insensato, afirmando sua morte naquela mesma noite.
Isso significa que acumular bens não garante a vida. O importante é ser rico para Deus, através da justiça, da partilha e solidariedade para com o próximo, pois “quem se compadece do pobre empresta a Deus” (cf. Pr 19,17; Eclo 29,8-13). Eclo 29,12 diz expressamente: “Dê esmola daquilo que você tem nos celeiros, e ela o livrará de qualquer desgraça”.
Leituras da semana
dia 5: Nm 11,4b-15; Sl 80[81],12-17; Mt 14,13-21
dia 6: Dn 7,9-10.13-14; Sl 96[97],1-2.5-6.9; Lc 9,28b-36
dia 7: Nm 13,1-2.25; 14,1.26-30.34-35; Sl 105[106],6-7a.13-14.21-23; Mt 15,21-28
dia 8: Nm 20,1-13; Sl 94[95],1-2.6-7.8-9; Mt 16,13-23
dia 9: Dt 4,32-40; Sl 76[77],12.16.21; Mt 16,24-28
dia 10: 2Cor 9,6-10; Sl 111[112],1-2.5-9; Jo 12,24-26