Roteiros Pastorais Palavra de Vida
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12/09/2020 Antônio Carlos Santini Edição 12/09/2020 – O que transborda do coração... (Lc 6,43-49)

PALAVRA DE VIDA

12/09/2020 – O que transborda do coração... (Lc 6,43-49)

            A boca fala da abundância do coração. O que aflora da boca é como a fonte da montanha, mas lá em baixo, nas profundezas da rocha, está o manancial. Se o manancial é puro, a água da fonte também o será. Se o manancial é tóxico, assim também a fonte...

            Habitualmente, quais são os nossos assuntos dominantes? De nossas palavras, que sentimentos se manifestam? Até a música de nossa voz (mais grave ou aguda, mais rápida ou pausada) pode revelar nosso mundo interior. Nosso “coração”. Li, em artigo do foniatra Pedro Bloch, que um dos critérios para seleção dos astronautas americanos é o timbre de sua voz: vozes agudas denotam excessiva emotividade, incompatível com as situações de risco que deverão encontrar em suas missões.

            Durante anos, senti-me incomodado por um companheiro que insistia em contar piadas inadequadas, que sempre tinham como personagens padres e freiras. Um dia, perdi a paciência e lhe disse: “Você já notou que está sempre a denegrir a imagem dos padres e das freiras. Isto é sinal de algum problema aí dentro... Você nunca pensou em procurar um psiquiatra?” Para meu espanto, ele nunca mais voltou às piadas em minha presença. E eu fiquei pensando: “Por que demorei tanto tempo a tomar uma atitude? Quanto tempo eu perdi!”

            Com certeza, você conhece pessoas de voz amável, pacífica, sempre a falar de aspectos luminosos da vida, realçando o lado positivo das pessoas, capazes de enxergar um fiapo de luz na escuridão. Deve conhecer também o oposto: gente que enxerga logo o único ponto negro na superfície da folha branca de papel e, se necessário, arranja uma boa lupa para ampliar o ponto.

            Conhecerá, talvez, pessoas amargas, que vivem a se lamentar, a reclamar da ingratidão e da maldade alheia. Gente que ignora a alegria de abençoar e bendizer. Gente que desconhece a ação de graças, o sorriso amigo, o silêncio que finge não ver...

            Nossa Seleta escolar dos tempos do ginásio trazia uma pequena narrativa. Na Palestina, à beira da estrada, apodrecia a carcaça de um cão morto. As pessoas passavam, desviavam o rosto e reclamavam do mau cheiro. Passou um Rabi, olhou e comentou: “Que belos dentes ele tinha!” Dizem que o Rabi era Jesus Cristo...

            Será que a beleza não está nas coisas, mas dentro de nós?

Orai sem cessar: “Na minha boca, eu só tinha o teu louvor!” (Sl 71,8)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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