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11/10/2022 Luis Miguel Modino - Regional Norte 1 Edição 3952 “Tecendo Redes de Esperança... pacto coletivo no cuidado da vida” Seminário realizado na Diocese de São Gabriel da Cachoeira pela Rede um Grito pela Vida
F/ L M Modino
"A gente teve voz, a gente pode relatar tudo o que está acontecendo em São Gabriel, trazer um pouco a nossa realidade”, para o que não tem oportunidade na escola, nem nos diferentes lugares aonde os jovens vão."

Enfrentar o fenômeno da violência na Região do Alto Rio Negro foi o objetivo do Seminário realizado na Diocese de São Gabriel da Cachoeira pela Rede um Grito pela Vida. Segundo Dom Edson Damian, “tecendo redes de esperança” foi o fio condutor das várias atividades, coordenadas pela diocese local e pela Coordenadoria Regional de Educação.

O fenômeno da violência

Com o objetivo de “refletir sobre o fenômeno da violência em nossa região, buscamos um pacto coletivo no cuidado da vida para garantir os direitos e políticas públicas, priorizando as populações em situação de vulnerabilidade”. Foram realizados encontros com todos os professores e servidores das escolas estaduais e municipais da cidade de São Gabriel da Cachoeira, discutindo sobre as diversas formas de violência presentes na região; com os jovens para abordar o tema do protagonismo juvenil; com os muitos migrantes, sobretudo indígenas venezuelanos que diante da necessidade foram acolhidos pelos parentes brasileiros, que são acompanhados pela Pastoral do Migrante da Diocese de São Gabriel; encontro com os jovens que participam das pastorais da Igreja católica.

Durante a semana foi realizado um seminário sobre os múltiplos olhares sobre a realidade, com a presença dos jovens, das Pastorais Sociais e outras instituições da sociedade local envolvidas com políticas públicas e direitos indígenas e ambientais, com mais ou menos 15 entidades envolvidas, abordando questões relacionadas com a Rede de Proteção à Criança e Adolescente, mas também a Rede de Proteção à Vida. Finalmente, uma roda de conversa com as autoridades locais e representantes das instituições, donde também foram abordadas as diferentes formas de violência que existem na região do Alto Rio Negro, e as proposta de solução.

Dom Edson Damian dá um destaque especial para os jovens, a presença, a atuação e a palavra. Os jovens, segundo o bispo, “mostraram sua alegria por encontrar um espaço para serem ouvidos e ficaram surpresos diante das múltiplas atividades que são realizadas, principalmente pelas pastorais sociais da nossa Igreja, que muitos deles não conheciam”. O Presidente do Regional Norte1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), insistiu em que “os jovens gritam para serem escutados, pelos pais, pelos professores, e reivindicam um diálogo recíproco, em que possam ser escutados em nível de igualdade”.

Diante da falta de escuta, os jovens, Lembrou Dom Edson, “os jovens buscam saída onde não existem saídas: o alcoolismo, as drogas, a prostituição, alguns desesperados até se suicidam, algo que acontece com muito frequência aqui na nossa região”. Ele colocou que “os jovens nos impressionaram pela consciência que tem dos problemas e também pela clareza na busca de soluções”. Entre os problemas destacados pelos jovens, segundo o bispo local, estão “o desemprego, a fome, a exploração e abuso sexual, o alcoolismo, as drogas”.

O Bispo da Diocese de São Gabriel da Cachoeira destacou que “foram muito oportunas estas atividades que acontecem no momento em que nos preparamos para segundo turno das eleições”. Ele afirmou que “as diversas formas de violência destacadas estão se tornando ainda mais alarmantes e dramáticas no atual governo, que está realizando um verdadeiro desmonte dos direitos sociais, que foram conquistados após a promulgação da Constituição Cidadã de 1988”.

Lutar pela preservação e plena atuação das políticas públicas

Segundo Dom Edson Damian, “lutar pela preservação e plena atuação das políticas públicas é um dever moral, cívico e patriótico de todos nós. Só assim será possível enfrentar os grandes problemas sociais, econômicos e políticos que geram tantas formas de violência contra os direitos fundamentais da maioria da população brasileira, e principalmente dos povos indígenas, que são 90 por cento aqui nesta região do Alto Rio Negro”. O bispo agradece a assessoria da Ir. Rose Bertoldo e de Sandar Loyo, assessoras dos diversos encontros, “de forma participativa, envolvente e motivadora para que o diálogo e a partilha realmente acontecessem”.

Uma das jovens participantes foi Silvani Farias Gonçalves. Ela destacou que “a gente teve voz, a gente pode relatar tudo o que está acontecendo em São Gabriel, trazer um pouco a nossa realidade”, para o que não tem oportunidade na escola, nem nos diferentes lugares aonde os jovens vão. A jovem indígena do povo Baré, que falou sobre o esquecimento que sofrem os jovens, destacou o fato de se sentirem livres para falar, para mostrar suas dificuldades e ser voz dos jovens.

Segundo a aluna do primeiro ano do segundo grau, “os jovens temos problemas, nós precisamos de ajuda, de apoio”, sendo importante para ela o fato de ter instituições dispostas a ajudar os jovens. Ela denunciou o assédio que sofrem as jovens e adolescentes, inclusive nas escolas, também o envolvimento com drogas, a falta de atenção.

Cristian Cordovil enfatizou a importância do encontro, uma oportunidade para os jovens descobrir o que precisam para melhorar. O jovem de 18 anos relatou alguns problemas que fazem parte da vida dos jovens, o que muitas vezes tem como causa a falta de atenção familiar. Ele destacou como maior aprendizado, “poder ouvir que eu não sou o único que passa por esses problemas”.

Josiele Nunes de Braga destacou do encontro o fato de descobrir a importância de escutar e ter uma experiência de se mesmo, se conhecer melhor”. A indígena do Povo Baré, de 17 anos, que é aspirante na Congregação das Catequistas Franciscanas ressaltou o fato dos jovens poder saber que eles podem contar com outras pessoas, para não ficar só em silêncio, e aprender a escutar os gritos de outras pessoas.

Um encontro intenso, produtivo, segundo a Ir. Rose Bertoldo, que segundo a Secretária Executiva do Regional Norte1 é um pôr em prática as causas permanentes do Regional, onde aparece a questão do enfrentamento ao tráfico de pessoas e exploração sexual de crianças e adolescentes.

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